Queda de ciclovia tem legislação e erro de projeto apontados como causas

Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia, em entrevista ao telejornal Bom Dia Rio, da TV Globo, sobre a queda - com mortes - de um trecho de mais de 50 metros da ciclovia Tim Maia, deu ênfase às mudanças na legislação. Afirmando, em sua avaliação crítica, que a engenharia trabalha com fases até a conclusão de uma obra, resgatou os tempos em que empresas públicas costumavam ter como primeira fase a concepção. No entanto, mudanças na legislação possibilitaram que empresas contratadas para obras geralmente condensassem as atividades de projeto e execução, tornando a conclusão mais rápida e diminuindo a qualidade. “A engenharia tem que respeitar as fases", insistiu.

Além de abordar o problema estrutural da legislação, Pedro Celestino vê a possibilidade de que o projetista da obra não tenha visto o local antes de projetar. “A ciclovia foi bem construída, mas teve um erro de projeto, que não levou em conta a possibilidade de haver um esforço de baixo para cima, causado por uma onda usual naquele ponto", afirmou. Veja os links da entrevista no final do texto.

Faltou ancoragem na estrutura

Segundo o conselheiro Manoel Lapa, engenheiro civil especializado em estruturas, com base nas imagens veiculadas pela imprensa, há um consenso entre calculistas de que faltou ancoragem. “A estrutura está bem feita. É possível ver que ela não se partiu. No entanto, faltou uma ancoragem vertical de baixo para cima. De cima para baixo, há o peso da própria estrutura e a carga da multidão, que é o peso das pessoas que passam. Naquele local, no entanto, onde a própria conformação rochosa faz com que as ondas subam mais alto, seria necessária uma ancoragem em sentido oposto para evitar que o tabuleiro subisse como aconteceu”.

O problema, segundo Lapa, é um velho conhecido da engenharia nacional: obras feitas sem projeto executivo e estudos pormenorizados. “Faltaram estudos mais minuciosos que indicariam a possibilidade de eventos semelhantes em dias de ressaca como hoje. É, provavelmente, mais uma obra feita na correria e que não se levou em conta a ação das ondas”, destaca. Lapa registra, ainda, que em dias de ressaca a via deveria ser interditada. “Ainda que não houvesse a queda do tabuleiro, em dias de forte ressaca é possível que as pessoas sejam varridas da ciclovia e só isso já deveria ser suficiente para interditar a via. A própria Ponte Rio Niterói, por exemplo, depois de um vento muito forte, é interditada. Os ventos não derrubam a ponte, mas as vibrações causam desconforto”, lembrou Lapa.  

Um dos problemas crônicos do país, a falta de planejamento fez vítimas na manhã da quinta-feira (21), quando um trecho de mais de 50 metros da ciclovia Tim Maia foi jogado para o ar por uma forte onda e desabou, matando duas pessoas e ferindo três.

Clique aqui para ver a entrevista de Pedro Celestino no Globo Play.

Clique aqui para ver a entrevista no G1. 

 

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