O Papel do Exército Brasileiro na Vida Nacional

Fonte: Agência de Notícias UniCEUB

Não é a crise política no Brasil que tem preocupado o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Ele afirmou, nesta terça (19), em palestra para universitários em Brasília, que as restrições econômicas atingiram fortemente as missões da corporação. A maior preocupação é com relação à manutenção das operações de segurança na fronteira do país. “Neste ano, fomos muito penalizados e temos compromissos importantes que precisam de recursos, como a segurança das Olimpíadas, além de trabalhos sociais como distribuição de água e combate à epidemia de zika”.

O comandante entende que o sistema de proteção das fronteiras (Sisfron) está sob ameaça e, com o ritmo atual dos recursos orçamentários para desenvolvimento tecnológico,  o Brasil teria as condições de fiscalização esperadas hoje apenas em 2040. “Temos cerca de 17 mil km de fronteiras, e o Exército tem a missão de combater crimes transacionais por toda essa extensão. Precisamos de uma tecnologia mais avançada para atingir o nosso objetivo, pois os grandes problemas de segurança pública passam por essas divisões”, afirmou Villas Bôas.

O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) conta com sensores colocados na linha de fronteira, fazendo uma ligação entre os sistemas de controle e comando às unidades de operação, com o objetivo de detectar e solucionar problemas ou situações de risco rapidamente. O sistema será implantado por regiões para que toda a faixa esteja protegida. O problema é que, de acordo com o comandante, no atual cenário financeiro, a implementação do sistema pode demorar ainda mais, fazendo com que ele se torne obsoleto nos anos 2040 pouco tempo após o início de uso. Os efeitos da dificuldade de segurança nas fronteiras têm direta relação com os problemas de segurança nas cidades grandes, abastecidas pelo crime organizado transnacional.

Sem chance de ruptura

O general entende que as instituições têm atuado em conformidade com a constituição e não há qualquer chance de ruptura da ordem democrática. Para ele, não cabe ao Exército fiscalizar ou “derrubar” governos, mas ter uma postura equidistante e equilibrada dos atores públicos. Ele acredita que a sociedade tem todas as condições de superar o momento e afirma ser obrigação do Exército estabelecer suas atuações. “Nós, diante de todas as demandas, estabelecemos que a atuação do Exército tem com base três pilares: a legalidade, a manutenção da estabilidade e a manutenção da credibilidade”, afirmou.

Conforme entende, diferente de 1964 (ano do golpe que levou ao regime militar que durou até 1985), as instituições brasileiras estão “amadurecidas”. “O Brasil hoje é um país com instituições funcionando de maneira bastante adequada, e cabe a essas instituições encontrarem o caminho para a solução das crises. Instituição armada precisa ter coesão. Todas as vezes quando a instituição perdeu a sua coesão, ela trouxe desgraça para si própria e para a população”.

Amazônia

O Brasil hoje, mantém preservado 70% de suas florestas originais. Isso inviabiliza outros países de questionar os cuidados brasileiros com o meio ambiente. “O mundo tem, genericamente, 20 a 25%. A Europa tem 0.3%. Então ninguém tem autoridade moral de tentar nos ensinar como devemos tratar o meio ambiente”, explica.

Villas Bôas ainda ressaltou alguns problemas relacionados à Amazônia. Para o militar, a floresta possui uma riqueza abundante, mas o país ainda não aprendeu a usá-la da forma correta. Segundo o comandante, falta uma consciência social por parte da sociedade com relação às nossas riquezas. Ele ressalta a importância da criação de um órgão que possa cuidar da floresta: “A falta de cuidados com a Amazônia gera perdas incalculáveis ao país. O Brasil hoje, mantém preservado 70% de suas florestas originais e, de certa forma, isso inviabiliza outros países de questionar os cuidados brasileiros com o meio ambiente. Apesar disso, ainda não há um órgão que cuide da Amazônia com a capacidade de integrar todas as iniciativas”, afirmou.

Clique aqui para assistir a entrevista com o general para o programa Estúdio UniCEUB.

Veja abaixo a palestra na íntegra. 

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