Uma situação de emergência médica pode acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar. Seja um acidente na rua, em espaço educacional ou ambiente de trabalho. Nestes casos, o uso correto de um desfibrilador, ou a técnica correta de massagem cardíaca, assim como o estancamento de hemorragia, são exemplos de ações que podem salvar a vida de um significativo contingente de pessoas todos os anos. Para falar da importância dos primeiros socorros em uma situação de emergência, o Clube de Engenharia promoveu, em 6 de abril, a palestra de Carlos Eduardo M. da Rocha, Membro da Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes (ABPA). O evento foi promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) e pela Divisão Técnica de Engenharia de Segurança (DSG).

Comunicação fundamental
Carlos Eduardo lamentou que os brasileiros em geral não aprendam técnicas de primeiros socorros nas escolas, em casa ou ambientes de trabalho, diferentemente de outros países. Qualquer medida que se tome em prol da saúde da vítima está no âmbito dos primeiros socorros, “mas as pessoas, muitas vezes, não sabem o que fazer", afirmou.

O palestrante deu ênfase aos acidentes de trânsito. No Rio de Janeiro quase um quarto dos atendimentos feitos pelos bombeiros são relacionados às ocorrências do tipo. É uma situação em que a colaboração é fundamental, mas ao mesmo tempo problemática. Muitos não sabem, por exemplo, que a primeira orientação não é procurar os bombeiros ou atendimento médico, mas sim aumentar a sobrevida da pessoa caso esteja inconsciente. Na ligação para os bombeiros, é preciso saber dizer o local exato do acidente, e descrever a situação visível da vítima, incluindo desmaio, convulsões, parada cardiorrespiratória (PCR), hemorragia, etc. Isso possibilita, por exemplo, que o atendimento escolha ir ao local com uma viatura básica, com enfermeira e socorrista, ou avançada, considerada uma UTI móvel.

Primeiras atitudes
Carlos Eduardo da Rocha transmitiu os "Princípios de Ouro" no atendimento pré-hospitalar, que incluem avaliar a situação da vítima e decidir por usar recursos adicionais (como improvisar um torniquete); reconhecer as lesões graves no exame primário (examinar a pessoa da cabeça aos pés, para transmitir as informações corretas ao socorro); estabilizar a coluna cervical; controlar hemorragias externas, fazendo a contenção; manter a temperatura do paciente, evitando hipotermia; e, acima de tudo, saber o que está fazendo. "O objetivo principal dos primeiros socorros é aumentar o tempo de vida da vítima", afirmou. Segundo informou, sempre é possível ajudar, mesmo que seja, numa situação de acidente, fazendo a sinalização da via. Ele também indicou o que não se deve fazer numa tentativa de primeiros socorros: administrar medicamentos, pois a pessoa pode ser alérgica; usar métodos invasivos; declarar óbito prematuramente; oferecer água ou alimentos; dizer que é profissional da saúde; e utilizar receitas caseiras.

Procedimentos básicos de sobrevida
Um procedimento que não exige grandes conhecimentos e pode salvar vidas é a posição lateral de segurança: uma técnica de mudança da posição de uma vítima inconsciente, deixando a pessoa deitada na lateral, com o objetivo de desobstruir as vias aéreas. Num simples desmaio, a pessoa pode ter queda de língua (quando o músculo da língua relaxa), que é responsável por 80% dos casos de parada cardiorrespiratória (PCR).

A PCR pode ser revertida com mais de uma técnica, e uma delas é o desfibrilador. O aparelho, capaz de emitir descarga elétrica no tórax de uma pessoa e estimular os batimentos cardíacos, pode ser um investimento alto, mas fundamental. Em 84% das vezes, traz a vítima de volta à consciência. Outra técnica para PCR são as compressões torácicas: podem ser feitas até 120 compressões por minuto, na área do coração, mas com atenção à vítima: em um adulto, utilizam-se as duas mãos, mas na criança ou adolescente, apenas uma e nos bebês, dois dedos. No entanto, é preciso antes que as pessoas dispostas a fazer o socorro saibam identificar a parada cardíaca, composta por três sintomas: inconsciência, detectável quando a vítima não reage a um estímulo de dor; ausência da respiração; e falta de circulação nos pulsos centrais (carótida e fêmur).

Segundo Carlos Eduardo, tanto “pessoas comuns” quanto profissionais - como bombeiros e policiais - devem se manter atualizados quanto aos procedimentos de primeiro socorros. As técnicas e prioridades mudam com o tempo, de modo a qualificar o atendimento, e é preciso estar atento: o protocolo de primeiros socorros se altera a cada cinco anos, sendo a versão mais recente a de 2015.

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