Projeto de ponta feito por brasileiros no Peru aprimorou critérios internacionais

 

Terceira barragem de enrocamento com face de concreto (BEFC) mais alta do mundo, a construção de Chaglla, na província de Huánuco, Peru, representou grandes desafios para a engenharia por conta do terreno e das dimensões do projeto. O empreendimento, premiado, foi projetado e construído por duas empresas brasileiras, a Intertechne Consultores S.A., e a Odebrecht S.A., respectivamente, e iniciado em 2012, com primeira fase concluída três anos depois. Para falar sobre o projeto, o Clube de Engenharia recebeu, no dia 16 de agosto, o engenheiro civil Fernando Dias Resende, mestre em Geotecnia e Gerente de Engenharia da Odebrecht, para a palestra “Aspectos de Projeto e de Construção da Barragem de Chaglla, a terceira mais alta do mundo”.

O empreendimento foi premiado, em maio de 2017, como International Milestone Rockfill Dam Project (Marco Histórico Internacional em Projeto de Barragem de Enrocamento, em tradução livre), concedido conjuntamente pelo Comitê Chinês de Grandes Barragens e pelo Comitê Brasileiro de Barragens, durante o IV Simpósio Internacional de Barragens de Enrocamento, realizado em Belo Horizonte.

Critérios modernos

“Entre os aspectos mais importantes dessa experiência no Peru estão os critérios de projeto e construção das juntas da barragem com face de concreto. Esses critérios são modernos e foram modificados na última década em função de acidentes ocorridos em construções anteriores”, disse Resende. O engenheiro explicou que uma armadura adicional (anti-spalling) foi projetada para prevenir a compressão entre lajes, estratégia adotada na construção de BEFCs de grande altura após 2006, devido a incidentes na construção da TSQ1 (China), Campos Novos e Barra Grande (Brasil) e Mohale (África do Sul). “Certamente, em empreendimentos futuros, esses critérios serão ainda mais aprimorados, já que se adequam bem a barragens com cerca de 200 metros de altura. Na China, por exemplo, se prevê a construção de barragens do tipo com cerca de 300 metros de altura, exigindo novos estudos de engenharia”, explicou.

A Barragem de Chaglla foi construída em uma garganta muito estreita do vale do rio Huallaga, na região andina (cerca de 540 km de Lima), para ser o reservatório da Usina Hidrelétrica de Chaglla, com potência de 406 MW. “As características do terreno, localizado na cordilheira dos Andes, demandaram uma logística grande, envolvendo equipes de rapel, por exemplo”, disse Fernando Resende. Segundo a Odebrecht, a usina representará um incremento de 6,3% na geração de energia limpa no Peru.

Marco histórico

Fernando Tourinho, diretor de Atividades Técnicas (DAT) do Clube de Engenharia, parabenizou o projeto apresentado por Fernando Resende. O diretor afirmou que compartilhar conhecimentos sobre grandes projetos empreendidos por engenheiros brasileiros, como a Barragem de Chaglla, reconhecida como um marco histórico internacional é particularmente importante em momentos de crise como a que o país atravessa, já que é neste momento que os profissionais mais devem buscar capacitação. “O primeiro segmento impactado com a atual crise foi o da engenharia. O Clube de Engenharia, portanto, tem uma responsabilidade muito grande, de manter esta casa para a motivação dos engenheiros e para transmissão de conhecimento. Temos um mercado grande e o desenvolvimento do Brasil não acontecerá sem a participação das empresas e dos engenheiros. Palestras como essa mostram empreendimentos na área extremamente interessantes, grandes obras que certamente auxiliam na formação técnica de outros profissionais”, afirmou.

A palestra foi promovida pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) do Clube de Engenharia, em parceria com a Divisão Técnica de Geotecnia (DTG), chefiada por Manuel Martins e contaram com o apoio da Divisão Técnica de Construção (DCO), além da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS Rio), Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB) e Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE-Rio).

Para ter acesso à apresentação feita por Fernando Resende, clique aqui.

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