Vivemos um momento singular de nossa História, quando o estado democrático de direito fenece aceleradamente. A sociedade brasileira de todas as classes e estratos sociais, não vislumbra a luz no fim do túnel - enxerga apenas sombras e fantasmas autoritários. As manifestações de intolerância e de preconceito contra o próximo, pelo que ele pensa e quanto à forma como se comporta de maneira alternativa ao status quo vigente, progridem rapidamente. Ao negar o pluralismo confessional e religioso, ideológico e político, comportamental e cultural, tais atitudes se transformam em repúdio, e até em ódio, ao “diferente”.

Esse enredo vira um drama a cada dia, e com frequência alcança as escolas, a academia, as artes e as manifestações culturais. As instituições dos poderes executivo e legislativo, se organizam e atuam de forma mesquinha buscando exclusivamente interesses e vantagens pessoais. O judiciário, dividido e com o apoio do oligopólio midiático, “criminaliza a política e politiza o crime”. E pior – atua de forma autoritária, detendo cidadãos arbitrariamente, violentando privacidades e expondo-os de forma espetaculosa. Desrespeita-se o princípio da presunção da inocência e da necessidade de prova incontestável do crime cometido para fundamentar a condenação.

É importante uma reflexão sobre o agravamento das ameaças à democracia, simbolizadas por dois eventos: o primeiro, o ataque na área da arte quando a intolerância fascista se manifestou na tentativa de impedir que mostras artísticas ocorressem em Porto Alegre, em São Paulo e aqui no Rio de Janeiro. Neste caso, com a agravante de ter sido a intolerância patrocinada pelo Prefeito da Cidade, que assumiu uma postura antiarte, anti-liberdade de manifestação artística. O segundo evento que nos entristece profundamente, foi o que levou ao suicídio o Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, imolado como símbolo da resistência democrática.

Se a nossa sociedade não se der conta de que está em risco a nossa capacidade de conviver democraticamente, é incerto nosso futuro como país, porque o que está em curso é um projeto de dissolução do Brasil como Estado-Nação. Recentemente em três Estados da região Sul realizou-se um plebiscito “voluntário” - vejam como a democracia é tolerante - propondo a separação do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, apesar de a nossa Constituição estabelecer que a Federação é constituída pela união indissolúvel dos Estados que a integram.

Através desta manifestação, o Clube de Engenharia, além do engajamento na defesa da soberania e na defesa de nossa engenharia, levanta também a bandeira da defesa da democracia, porque ela está em risco.

A Diretoria

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