O desafio de situar o Brasil na chamada "quarta revolução industrial"


Pesquisas registram que em uma década a indústria 4.0 deve chegar a 21,8% das empresas brasileiras. O desafio segue, nos próximos anos, como um dos principais para a indústria nacional, e as perspectivas de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) são boas. Espera-se que, na próxima década, a porcentagem de empresas brasileiras que colocam as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no centro de processos inteligentes e flexíveis de produção suba de 1,6% para 21,8%. O levantamento foi feito pela CNI em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e divulgado em dezembro último. Ao todo, foram entrevistadas 759 grandes e médias empresas nacionais.

A pesquisa faz parte do Projeto Indústria 2027, que avalia como 8 grupos de tecnologias disruptivas (como Internet das Coisas, Inteligência Artificial, nanotecnologia e biotecnologia) vão impactar os principais setores produtivos da economia brasileira na próxima década. Para realizar o diagnóstico, os pesquisadores classificaram a produção industrial em quatro gerações. Enquanto na geração 1 as TIC são usadas de forma pontual, com produção rígida e isolada, na geração 4, a última, a produção é conectada e inteligente, com essas tecnologias fornecendo informações que subsidiam a gestão flexível do negócio. Hoje, 77,8% das empresas ainda estão nas gerações tecnológicas 1 e 2 (essa última, a de produção semi-flexível, com uso de TICs sem integração ou com integração limitada). Em 10 anos, a tendência é que a geração 4 ultrapasse a geração 1, embora as demais gerações intermediárias continuem fortes.

Impulsionar o desenvolvimento nacional
O debate é essencial, conforme o Clube de Engenharia já divulgou em outras ocasiões. O Brasil ainda está muito atrás de outros países, como Alemanha e Estados Unidos, no que diz respeito à Indústria 4.0. A interseção entre novas tecnologias e processos produtivos traz ganhos em competitividade, gestão e no desenvolvimento do país, impactando fortemente setores estratégicos como a agroindústria, a siderurgia e o setor de petróleo e gás.

A pesquisa do Projeto Indústria 2027 mostra que parte das empresas já possui planos de ação ou projetos em execução para implementar as tecnologias da Indústria 4.0 principalmente no relacionamento com fornecedores (20,2%), desenvolvimento de produtos (15,7%) e relacionamento com clientes (15,5%).

Debate internacional
No cenário internacional, o papel da Internet das Coisas (IoT) e da Inteligência Artificial (IA) e seus impactos no futuro do trabalho têm sido temas de discussões em diferentes instâncias. Recentemente, durante o 12º Fórum de Governança da Internet, realizado com apoio da ONU na Suíça, entre 18 e 21 de dezembro, esses foram temas de destaque.

O uso da IoT foi discutido, por exemplo, no planejamento urbano das chamadas cidades inteligentes e como auxiliar no bem-estar de pessoas com deficiência. O desafio da regulação da IoT, um tema polêmico entre empresas, governos e sociedade civil, principalmente por conta da enorme quantidade de dados pessoais a que esses dispositivos inteligentes têm contato, também teve vez no fórum. No âmbito da Inteligência Artificial, o fórum recebeu discussões sobre formulações de políticas no desenvolvimento desse tipo de tecnologia; desafios técnicos, transparência e impacto social, político e econômico da IA; e a defesa de uma abordagem social sobre o tema.

Como as mudanças de hoje e do futuro próximo afetarão o desenvolvimento dos países, a circulação de bens e mercadorias e, principalmente, os empregos? Essas são questões em aberto e que pedem atenção de governos, empresas e sociedade. Enquanto isso, defender uma maior mobilização nacional em torno da adoção da Indústria 4.0 pode ser uma das estratégias para a retomada do desenvolvimento do país.

Saiba mais: http://portalclubedeengenharia.org.br/info/o-futuro-da-inovacao-na-industria-brasileira-4785

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