E, em especial, o Brasil precisa se informar sobre a gravidade do crime contra o povo brasileiro que se comete com o desmonte da Petrobrás e a entrega do nosso petróleo para empresas estrangeiras. A persistir neste rumo, o país estará dando mais um passo para jogar fora uma das maiores jazidas petrolíferas do planeta, conquistada com a descoberta, em 2004, do Pré-sal, o que nos asseguraria acelerado crescimento econômico, soberano, com justiça social e garantia de vida digna para o nosso povo.

Para maximizar os benefícios, para o Brasil e para os brasileiros, obtidos com a exploração do Pré-sal, foi aprovado no final de 2010 o Regime de Partilha (Lei nº 12.351 de 22/12/2010) para a produção naquelas reservas. Visando fortalecer a Petrobrás para liderar a exploração do Pré-sal, a União, sua maior acionista, promoveu o aumento de seu capital social. Isso ocorreu subscrevendo a parcela que lhe cabia com a cessão de blocos do Pré-sal com reservas estimadas àquela altura em 5 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Aquela operação, denominada cessão onerosa, possibilitou à Petrobrás aumentar seu capital social, também com um aporte significativo dos acionistas minoritários, resultando na maior oferta de ações que se conhece: cerca de U$ 70 bilhões ao câmbio da época (ver mais sobre o leilão dos excedentes da cessão onerosa nas páginas 4, 5 e 8 da edição 607 do Jornal do Clube de Engenharia).

As pesquisas realizadas nos blocos do Pré-sal resultaram em uma reserva comprovada cerca de três vezes maior que a prevista, ou seja, de 15 bilhões de barris equivalentes de petróleo, o que daria ao País a condição de, além de alcançar a autossuficiência energética, ser um dos grandes protagonistas no mercado mundial de petróleo. Tal expectativa começou a se frustrar após a ascensão de Temer ao poder, pois logo retirou-se da Petrobrás, entre outros direitos, a condição de atuar como operadora única na exploração do Pré-sal.

Construiu-se também a narrativa que a empresa estaria quebrada e que seria necessário desfazer-se de ativos para reduzir a sua dívida, supostamente astronômica em relação às das multinacionais concorrentes. Ora, a Petrobrás endividou-se porque descobriu petróleo; as concorrentes tinham liquidez crescente, com reservas cadentes (mais informações nas páginas 6 e 7 do Jornal do Clube de Engenharia edição 607).

O processo de esvaziamento paulatino da Petrobrás culmina com o escandaloso leilão dos excedentes da cessão onerosa, que vai completar a transferência de um dos nossos maiores patrimônios, o Pré-sal, para as multinacionais. O brasil reverterá, assim, à condição colonial, de supridor de matérias primas e de importador de produtos industrializados.

A Petrobrás, ao longo da sua até então exitosa trajetória, tornou-se responsável por cadeia produtiva de mais de 5000 empresas, nacionais e estrangeiras, que empregavam cerca de 800.000 profissionais especializados. Ganhou inúmeros prêmios internacionais de inovação. É a maior referência internacional em tecnologias de exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas. O esforço de décadas está sendo jogado no lixo. Restarão a nós brasileiros, com a entrega às multinacionais do nosso petróleo, os empregos em segurança, transporte e alimentação. Será o réquiem da nossa engenharia.

O Clube de engenharia participa de todos os esforços para tentar barrar esse descalabro. É preciso reagir à venda de nossas riquezas e à destruição do futuro da nação brasileira.

A Diretoria

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