Acompanhamos dia após dia os movimentos para vencer a pandemia, de efeitos cada vez mais dramáticos, tanto quanto ao alto número de infectados e mortos, como em relação à carência de vagas em hospitais e à lenta vacinação. Junte-se a isso a tragédia da falta de dinheiro nas famílias, que só pode ser superada com o imediato auxílio de 600 reais mensais, enquanto durar a pandemia. O desemprego se avolumou e o desespero das pessoas é crescente. As duas realidades devem ser enfrentadas com urgência, e para reagir na economia é preciso reativar intervenções em infraestrutura.

No Rio de Janeiro, uma obra de interesse público está há seis anos interrompida e a sua retomada, de saída, poderia gerar pelo menos mais dois mil empregos. A construção da Linha 4 do metrô já envolveu 11 mil trabalhadores, mas o seu único trecho inacabado, o da Estação Gávea, está paralisado, com quase metade da obra pronta.
Um relatório do Tribunal de Contas do Estado, baseado em suposto sobrepreço de 2,3 bilhões de reais, inibe a continuidade da obra, que é a maior de infraestrutura urbana no país. Mas os técnicos do TCE equivocaram-se e usaram parâmetros não condizentes com a realidade. Por exemplo, o relatório toma por base custos de fabricação de concreto com a utilização de betoneiras de 320 litros na obra –, mas betoneiras são usadas em obras simples, como em calçadas e terraços – nunca em obras de grande porte, que utilizam centrais de concreto.

Agora, o governo do Estado do Rio pretende contratar obra de contenção da estrutura da Estação, que está submersa em 36 milhões de litros de água. Trata-se de uma solução de engenharia custosa e de eficácia duvidosa, sob argumento de tentar preservar o que já foi feito, em vez de dar continuidade à obra, cuja conclusão beneficiará milhares de usuários do metrô na cidade e oferecerá necessários empregos em plena pandemia.

O Clube de Engenharia apela à sensatez das autoridades do Estado e do TCE para que saiam da postura imobilista, e envidem esforços ao término da Estação Gávea, o que contribuirá muito para a melhoria da mobilidade nas Zonas Sul e Oeste do Rio de Janeiro.

Se irregularidades houve, que sejam apuradas e punidas. O que não está certo é penalizar a sociedade e a cidade pelos erros de alguns.

A Diretoria

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