A travessia da inovação: da academia para o mercado

 “Encontros com Tecnologia”, em sua terceira edição, debate a importância do investimento em inovação e da revisão de burocracias que não ajudam a empreender no Brasil

Excesso de burocracia, falta de investimentos, dificuldade de intercâmbio de conhecimento e a chamada fuga de cérebros são alguns dos grandes desafios que o Brasil enfrenta na área de inovação há muitas décadas, com raras exceções. O papel das universidades para o enfrentamento desses desafios foi o assunto central do networking temático “Encontros com tecnologia”, que abordou os desafios da transformação de projetos científicos em atividades econômicas sustentáveis.

O professor do Programa de Engenharia Química da COPPE/UFRJ e membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de Química da UFRJ, José Carlos da Silva Pinto, que também coordena o Engepol, laboratório de engenharia de polímeros da UFRJ, deu início a troca de ideias que reuniu representantes de diversos lugares do Brasil e até de outros países.

Fátima Sobral Fernandes, empresária e Conselheira Vitalícia do Clube de Engenharia, os diretores José Eduardo Pessoa de Andrade e César Drucker e o conselheiro Lucas Getirana coordenaram o encontro, que aconteceu na última quarta-feira (2 de junho), dia em que, por coincidência, o presidente da República sancionou o marco legal das start-ups. Para a conselheira, é importante que a sociedade discuta os desafios dessa travessia das tecnologias e inovações da academia para o mercado. Ainda de acordo com a engenheira, é preciso que haja maior preocupação do Estado brasileiro com o tema, incentivando o empreendedorismo desde a graduação e criando formas de facilitar os processos de criação de novas start-ups de de base tecnológica.

O palestrante José Carlos da Silva Pinto ressaltou a importância do incentivo ao empreendedorismo nas universidades públicas brasileiras, sobretudo para que os jovens pesquisadores sintam-se motivados a contribuir com inovação para o Brasil. Para Silva Pinto, a parceria com empresas e indústrias também é fundamental para que essas relações se estabeleçam ao longo do tempo de forma natural.

Um exemplo é o próprio grupo de pesquisa coordenado pelo engenheiro químico: o Engepol. O grupo é especializado em processos para produção de polímeros e materiais plásticos, principalmente nas indústrias farmacêutica, biomédica, cosmética e de petróleo. “Um dos processos que ajudamos a desenvolver é a utilização de polímeros para tratamento de tumores. São pequenas bolinhas que ajudam a interromper o desenvolvimento de tumores malignos e benignos, principalmente na pré-cirurgia”, explicou o engenheiro. Outro exemplo apontado pelo palestrante foi o uso de nanopolímeros para a fabricação de protetores solares com maior capacidade de proteção da pele aos raios solares UVA e UVB. “Nós também trabalhamos com sustentabilidade e com desenvolvimento de softwares com técnicas de monitoramento de processos”, afirmou.

O debate trouxe uma série de reflexões sobre o futuro da tecnologia e da inovação no Brasil, entre elas, as perguntas: Estamos criando empecilhos para a competitividade e a capacidade de inovação no Brasil? O que fazer para transformar este cenário de forma urgente? De acordo com José Carlos da Silva Pinto, o Brasil é um país repleto de pesquisadores e trabalhos de ponta, mas com pouco estímulo por parte do Estado. “Somos um celeiro de oportunidades para inovar e empreender. Nós sabemos fazer produtos, desenhar processos. O que precisamos é desenvolver melhor o tema da inovação e do empreendedorismo, estabelecendo cooperações que nos ajudem a acelerar a conexão entre academia e mercado”, argumentou. O palestrante também lembrou que, mesmo com a falta de investimento em ciência e tecnologia, o Brasil está entre os 15 maiores produtores de ciência do mundo.

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