"O engenheiro está por trás da construção da sociedade moderna", afirma Pedro Celestino no primeiro Esquenta EFEEng

Domingo, dia de descanso, principalmente em tempos de pandemia? Esta não é mais a regra desde que o Esquenta EFEEng, série de eventos preparatórios para o 5º Encontro Fluminense de Estudantes de Engenharia (EFEEng) teve início. A primeira Live aconteceu no último dia 4 de julho e foi transmitida pela página do Instagram da Secretaria de Apoio ao Estudante de Engenharia (SAE) do Clube de Engenharia. O palestrante foi o presidente do Clube, Pedro Celestino, e o apresentador foi Luis Henrique, estudante de engenharia ambiental e membro da SAE.

O objetivo da Live era uma conversa sobre o papel do engenheiro como parte da engrenagem social. E a participação dos estudantes trouxe perguntas importantes como, por exemplo, o quanto a política nacional interfere no dia a dia dos engenheiros no país.

Para Pedro Celestino, a política é fundamental e deve fazer parte dos debates cotidianos entre os estudantes. Celestino lembrou o início da sua vida política, em 1963, na Escola Politécnica da PUC-Rio, “ali eu estava desabrochando para a cidadania”, afirmou. Tanto o palestrante como Luis Henrique destacaram que a primeira preocupação do estudante ao ingressar na universidade é como sobreviver. Mas, na prática, muitos também pensam além. “É claro que sobreviver é a primeira questão, mas precisamos ir além do próprio umbigo, compreender que teremos resultados melhores se trabalharmos em conjunto”, destacou Celestino.

Outro ponto alto do debate foi a crise que o Brasil vive nos últimos anos. “A juventude hoje está em uma dessas crises que podem ser chamadas de ‘a pior da história’, embora a minha geração também tenha chamado a crise que vivemos de ‘a pior’. Isso significa que não há mal que dure para sempre. Nas nossas lutas acadêmicas fomos avançando no debate nacional”, afirmou Pedro Celestino, que também destacou o papel decisivo do Estado nos investimentos que podem tirar o país dessa crise. Ainda segundo o presidente, as privatizações encarecem serviços e não ajudam o país. Para Luiz Henrique, o “entreguismo” tem sido nocivo ao país e aos engenheiros. “É preciso trazer ao engenheiro seu papel político-social. Conheço muita gente que já se formou há seis ou sete anos e vem sofrendo muito com a crise”, destacou o estudante.

Construção de um projeto nacional

Ao afirmar que a crise que o Brasil atravessa hoje é profunda, Celestino criticou os que hoje estão no poder, preocupados em destruir conquistas dos últimos 90 anos. Conquistas que nos ajudaram a sair da posição subalterna e transformar o Brasil em uma das maiores economias do mundo. “Temos hoje os maiores índices de desemprego da história, uma em cada três famílias não possui renda alguma, uma desigualdade social absurda que só será revertida com um projeto de desenvolvimento com investimentos públicos capazes de levar à melhoria da nossa infraestrutura geral, desde moradia, saneamento, transporte, até energia e sustentabilidade”, destacou.

Ainda sobre debate nacional, tema central do primeiro Esquenta EFEEng, há consenso sobre a necessidade urgente de se construir um projeto nacional que seja capaz de reduzir as desigualdades e, ao mesmo tempo, desenvolver o país.

Pedro Celestino lembrou que o Brasil, ao contrário de países como Canadá e Austrália, possui todas as qualidades necessárias para isso: extensão territorial, recursos naturais e população. “Temos o necessário. Já tivemos, inclusive, governos com visão nacional para sairmos da condição de meros exportadores de matérias primas e produtos agrícolas. Como engenheiros, estamos no centro, porque o trabalho de construir é do engenheiro, em todas as modalidades. É o engenheiro que está por trás da construção da sociedade moderna”, explicou.

Para a engenharia dar a volta por cima

Certo de que hoje há a consciência de que temos que ter mudança na política econômica para que possamos sobreviver como Estado-Nação, entende que isso não será possível com a continuidade da visão neoliberal de Paulo Guedes.

“Por isso acho que não tem saída a não ser com a participação popular, dos profissionais em seus locais de trabalho, das entidades, afim de formar uma ampla articulação política de diferentes origens para organizarmos um programa de salvação nacional. Há uma situação crítica, uma destruição sistemática, então temos que juntar as mais diferentes forças para formar um programa mínimo capaz de nos tirar dessa situação. Não há saída sem a participação organizada da sociedade”, defendeu.

Com ênfase no papel fundamental dos engenheiros neste processo de transformação da sociedade brasileira, Pedro Celestino fez um chamado aos engenheiros, formados e em formação. “O Clube de Engenharia é a casa que pode acolhê-los com uma visão que possibilitará o trabalho de vocês de forma organizada. Não temos vinculação partidária, não há pensamento único e nem decisões de cima pra baixo. O que há é o estímulo ao debate de ideias que possa construir unidade rumo à conquista de uma vida melhor para todos e todas”, enfatizou.

E também destacou a importância das diferenças entre as diversas pessoas que podem compor a construção deste projeto nacional no Clube de Engenharia, lembrando o que une a entidade: Engenharia, Democracia e Soberania. “É só assim que conseguiremos construir um país socialmente justo, economicamente desenvolvido e, principalmente, um país democrático”, finalizou o presidente do Clube de Engenharia.

O próximo Esquenta EFEEng acontece nesta quarta-feira, 7 de julho, às 19h17, com a palestra de Marco Antônio Gaya, professor do Instituto de Química da UERJ. A Live será transmitida pela página da SAE no Instagram (@sae.clubedeengenharia), o tema será "Novas tecnologias para produção de adubo de eficiência aumentada".

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