SBPC lamenta morte de seu ex-presidente, Marco Antonio Raupp

Reconhecido pela inestimável contribuição à ciência brasileira, Raupp foi ministro da CT&I e atuou intensamente na SBPC, exercendo cargos diferentes em várias gestões

Publicado no Jornal da Ciência

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) lamenta profundamente a morte do ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, na madrugada deste sábado, aos 83 anos. Sócio ativo da SBPC desde 1993, Raupp teve uma atuação muito importante na gestão da entidade, atuando em diferentes cargos em várias gestões. Presidente de honra da SBPC desde 2013, ele foi presidente da entidade (de 2007 até fevereiro de 2011), membro do Conselho (de 2001 a 2005), vice-presidente (de 1999 a 2001) e primeiro-tesoureiro em dois mandatos (de 1993 a1997).

Raupp comandou a pasta da Ciência e Tecnologia do governo de Dilma Rousseff (PT) entre os anos de 2012 e 2014.

Graduado em física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutor em matemática pela Universidade de Chicago, ele dividiu sua vida profissional entre as atividades acadêmicas e a gestão de instituições de ciência e tecnologia, tornando-se defensor da integração entre a instituição de pesquisa e o setor produtivo.

Em sua longa carreira, foi pesquisador e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). À frente da diretoria do Inpe, participou das negociações que resultaram no programa dos satélites CBERS, em cooperação com a China. Ainda no Inpe, em tempo recorde conseguiu implantar o Laboratório de Integração de Testes, e na Direção do LNCC criou o Laboratório de Bioinformática, ambos considerados de ponta e utilizados por pesquisadores de todo o País e pela indústria. Foi diretor-geral e um dos mentores da criação do Parque Tecnológico de São José dos Campos (PqTec), organização que dirigiu entre 2006 e 2011, atuando de forma decisiva para a implementação de projetos inovadores.

Presidiu a Agência Espacial Brasileira (AEB), instituição à qual levou sua larga experiência em temas da política e tecnologia do Espaço, tendo integrado também o Conselho Administrativo da Alcântara Cyclone Space (ACS). Foi membro titular do Conselho Nacional da Ciência e Tecnologia (CCT), presidente do Conselho de Administração do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron (ABTLuS), todas instituições que enrobusteceram o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação.

Por suas contribuições à Ciência brasileira, recebeu o título da Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República; Grande Oficial da Ordem do Mérito Aeronáutico, da Força Aérea Brasileira/FAB; Grande Oficial da Ordem do Mérito Naval, da Marinha do Brasil/Brasília; Medalha de Pacificador, do Exército Brasileiro/EB; Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores/MRE; e Medalha da Inconfidência, do Governo no Estado de Minas Gerais/Ouro Preto.

O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, ressalta que Raupp foi crucial para muitas áreas da pesquisa brasileira: “Ele exerceu alguns dos cargos mais importantes da área, como o de ministro da Ciência e Tecnologia, diretor do Inpe, do LNCC, dentre outros. Sua morte é uma grande perda para o País e para a ciência brasileira.”

A presidente de honra da SBPC, Helena Nader, salienta o grande homem que Raupp representou, tanto profissional quanto pessoalmente. “Ele foi mais que um colega de SBPC, quando fui sua vice-presidente. Eu perdi um grande amigo e a figura de um pai intelectual. Raupp tinha uma sabedoria à frente de seu tempo, ele foi além da SBPC”, declara. Nader lembra que quando ele era presidente da SBPC, criou um grupo de trabalho (GT) para escrever o livro “Ciência, Tecnologia e Inovação para o Brasil competitivo”, publicado em 2011. Na obra, se propôs a criação do que hoje é a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). “Coordenado por Roberto Faria, a proposta foi feita claramente no capítulo 13, argumentando que a empresa seria para a indústria o que representa a Embrapa para a agricultura”, observa.

“O Brasil e a ciência, tecnologia e inovação devem muito a esse homem. A luta dele sempre foi constante. Seu trabalho está eternizado em todos os órgãos por que passou, como o Parque Tecnológico de São José dos Campos, a Agência Espacial Brasileira. Ele lutava por um país soberano. Ele vai fazer muita falta para mim e para o Brasil que precisamos”, diz Nader.

O professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Bevilacqua, lamentou profundamente a morte de Raupp e reitera que ele foi uma das pessoas que mais contribuiu para a ciência no Brasil. “Nós devemos muito a ele, não só nessa área de desenvolvimento tecnológico como cientista, pesquisador e professor, mas também na gerência de órgãos públicos, como o MCTI, e em institutos de pesquisa como o Inpe”, comenta.

“Perde a ciência e a inovação. Ser humano ímpar. Marco Antonio Raupp é um ícone em nosso país, responsável por atos arrojados, e deixa um legado de desenvolvimento tecnológico e o respeito de todas as pessoas que, assim como ele, tinham a dedicação em aprender sempre. Raupp conseguia entender as dificuldades e necessidades de startups a multinacionais, agia sempre em busca de levar a tecnologia como um diferencial e fez do PqTec o maior e mais respeitado parque do Brasil”, afirma Marcelo Nunes, diretor-geral do Parque Tecnológico de São dos Campos, em depoimento oficial da instituição.

A SBPC se solidariza aos amigos, familiares e entes queridos de Raupp nesse momento de tristeza.

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)

 

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