5º EFEEng aprova documento final com balanço dos principais debates do Encontro

Sustentabilidade, desenvolvimento, distribuição de renda e investimento público na ciência: estes e outros temas essenciais para os dias atuais foram debatidos no 5º Encontro Fluminense de Estudantes de Engenharia (EFEEng) realizado nos dias 13, 14 e 21 de agosto. O Encontro, que contou com a presença de estudantes de diversas partes do país, aconteceu de forma remota devido à pandemia. Organizado pela Secretaria de Apoio ao/à Estudante de Engenharia (SAE) do Clube de Engenharia, em parceria com os estudantes do estado do Rio de Janeiro, o 5º EFEEng se soma a outras iniciativas da instituição para promover diálogos e pautar as principais e mais importantes questões nacionais.

O Encontro se encerrou com uma Roda de Conversa, pensada para que os/as estudantes levantassem questões sobre educação. Alguns dos assuntos abordados foram os currículos atuais das engenharias, a importância de uma formação cidadã, que seja voltada para as pessoas e não somente para temas técnicos e as dificuldades enfrentadas pelos estudantes durante o período universitário, sobretudo a falta de apoio financeiro.

Veja abaixo o documento final do 5º EFEEng e a nota conjunta com a SAE contra a privatização da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Os vídeos da programação completa do evento também já estão disponíveis no YouTube e você pode assistir clicando AQUI.

Documento final: 5º EFEEng

O 5º Encontro Fluminense de Estudantes de Engenharia (5º EFEEng), o segundo em modelo 100% remoto em virtude da pandemia do novo coronavírus, dentre várias novidades, trouxe o primeiro evento com 3 dias de duração. Na Roda de Conversa, momento central do evento, a voz é franqueada aos/às estudantes presentes para as mais diversas discussões no que tange o tema do evento e as questões atuais dos formandos em engenharia.

Como eventos teste para esta Roda de Conversa, três “Pré-Encontros” foram organizados por representantes da SAE em Escolas de Engenharia de todo estado:

• Pré-Encontro das Escolas de Engenharia de Niterói e Volta Redonda da Universidade Federal Fluminense – 20 de Agosto de 2021
o Tema: O Papel da Engenharia no Combate à Fome;
• Pré-Encontro da Escola de Engenharia do Instituto Federal Fluminense – Campus Guarus – 20 de agosto de 2021
o Tema: Grade Curricular e Titulação;
• Pré-Encontro das Escolas de Engenharia do CEFET-Nova Friburgo e Universidade Estácio de Sá, com participação também de alunos da UERJ Nova Friburgo - 31 de Julho de 2021
o Ensino Remoto, Grade Curricular, Mercado de Trabalho e Processo Seletivo;
Os pré-encontros têm como função o engajamento dos/das estudantes para a Roda de Conversa do EFEEng, mas também de consolidar as principais demandas e questões destas Escolas de Engenharia para a pauta da Roda de Conversa – os/as representantes dessas universidades têm direito a fala introdutória no encontro, e lugar de destaque na colocação de proposições e questionamentos, justamente por representar ali coletivos de suas instituições. Após estas falas introdutórias, a palavra foi franqueada aos inscritos.

As principais discussões são resumidas a seguir:
• Com relação ao Tema central do evento, A Responsabilidade da Engenharia no Desenvolvimento de uma Sociedade Sustentável, muito se falou da necessidade de Engenheiros e Engenheiras se entenderem de fato como membros da sociedade, e que seus projetos são feitos para pessoas, e estas devem ter papel central como agentes no planejamento do produto final;

• O Ensino Remoto, realidade atual de boa parte dos discentes presentes, foi tema de debate, no sentido de apresentar quebra de paradigma do ensino tradicional, e possibilitou abertura de portas para estudantes que também trabalham, e viram nesta modalidade melhor adequação de suas agendas e compromissos
- Isto posto, foram observadas também que os prós e contras do ensino remoto devem ser colocados na balança, e que o modelo híbrido de ensino deve ser uma tendência irreversível;
- Deve ser visto com ainda mais atenção e preocupação as políticas de acesso e garantias estudantis, para que este modelo não coloque caráter ainda mais excludente no ensino superior;

• Sobre a Grade, Componentes Curriculares e Titulação, a questão da ausência de disciplinas que abordem softwares (como os de Inteligência de Negócios etc.) e linguagens de programação (como R e Python) foi muito debatida – no geral, falou-se de que é preciso modernizar as grades curriculares olhando para o que de fato fará diferença para o/a futuro engenheiro no mercado de trabalho;
- Especificamente sobre a formação de Engenharia Ambiental, escopo do Pré-Encontro do IFF-Guarus, abordou-se também a discussão, em pauta desde 2016, da Titulação de todos os cursos de Engenharia Ambiental serem intitulados como “Engenharia Ambiental e Sanitária”, tanto pela necessidade de novos investimentos e profissionais capacitados na questão do Saneamento Ambiental, quanto pela abertura deste leque para os formandos neste curso;
- Sobre a dificuldade de mudanças, foi levantada questão com relação ao posicionamento dos docentes: se para fora das grades da universidade são em geral extremamente progressistas, quando se trata de mudanças internas, tendem a ser extremamente conservadores;

• Sobre habilidades, as questões de Hard x Soft Skills, que não costumam ser abordadas em sala de aula, mas que são de extrema importância na formação do/da profissional contemporâneo foram também abordadas;

• Sobre a questão da Fome e da Insegurança Alimentar, também um dos temas do 5° EFEEng, foi abordado o quanto esta questão é apenas um dos sintomas das contradições deste sistema econômico capitalista nos moldes atuais. Como questionamento, a questão de o Brasil figurar entre os maiores produtores agropecuários do mundo, e mesmo assim ter 40% de sua população em situação de insegurança alimentar, e 10% passando fome, é apenas um exemplo das contradições impostas por este sistema;
- A fome é a penúltima consequência, antes da morte física, destas contradições – sendo que antes há uma infinidade delas, passando pelo “nutricídio”, falta de oportunidades, violência urbana/rural, desigualdade social, racial, de gênero e de oportunidades;
- Enquanto isso, a exportação de soja e milho cresceu 21% no primeiro trimestre de 2021 com relação ao mesmo trimestre do ano passado;
- A questão midiática e a romantização da crise e da fome foram abordadas com exemplos de notícias glorificando o aumento do consumo de Macarrão Instantâneo no sentido de impulsionar a indústria das massas; sobre a narrativa do aumento do uso de fogão a lenha ser opção de retomada de modo tradicional de cozinhar – e não os preços exorbitantes do botijão de gás e de alimentos no geral;
- Neste tema, foi proposta criação de Comitê Emergencial para debater e encaminhar sobre a questão da Fome e Insegurança Alimentar no Brasil, pelo Clube de Engenharia, entendendo que nossa classe pode oferecer saídas para esta crise, em sua atuação profissional, técnica e política, e que este problema é nosso enquanto profissionais comprometidos com a Soberania e Desenvolvimento Nacional e com nosso povo;

• Com relação à diversificação dos espaços técnicos e políticos do Clube de Engenharia, foi proposto pelos estudantes a aproximação com assuntos que fogem à nossa formação técnica, trazidos por agentes de comunidades tradicionais, por exemplo, que podem gerar trocas de conhecimento e nos mostrar outras formas de enxergar problemas e soluções;
- Como sugestão, a realização de palestras com temas pertinentes guiadas por representantes de movimentos sociais organizados e/ou de comunidades tradicionais, quer tenham ou não formação superior, para o Clube;
- Nesse sentido também foi proposto que o Clube, dentro de seus espaços, pense nos pequenos/médios produtores do campo/mar/rios, e de que forma podemos impactar positivamente essas comunidades;

• Foi proposto também possibilidade da criação de Divisão Técnica, ou Comitê Técnico, com foco nas Tecnologias Sociais (no viés da sociedade) no Clube, que tenha bases antirracistas.
Além do exposto acima, foi lançada nota contra a privatização da UERJ no fechamento do 5º EFEEng (Clique aqui para ler a nota).

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