Em março de 2018 o Congresso norte-americano rejeitou a solicitação de significativo corte no orçamento destinado à Ciência, Tecnologia e Inovação – CT&I proposto pelo governo Trump. E foi além, aprovando um acréscimo de 12,8% neste orçamento chegando a US$ 176,8 bilhões, o maior desde 2009. Isto é apenas um exemplo do que ocorre nos países que apostam na CT&I como a mola mestra de seu desenvolvimento, geração de empregos e de riqueza. 

Aqui no Brasil, com alegações estapafúrdias, o Congresso aprova solicitação do governo Bolsonaro para mortal corte na CT&I, mesmo com resistência explícita do Ministério de CT&I ao qual as verbas eram destinadas. 

Não é necessário ser cientista para perceber a lesão que tal decisão causa ao futuro do Brasil, ao seu desenvolvimento e, principalmente, à sua soberania, inclusive militar. As metas da CT&I galopam, logo, qualquer estagnação amplia a distância a percorrer ou mesmo a torna inviável ao país. 

Resta-nos a dúvida sobre as razões do Executivo e Congresso, que melhor deveriam refletir o consciente coletivo de patriotismo, agindo de forma contrária. Talvez a explicação esteja em um novo verbete cunhado pelo Oxford English Dictionary em 2016, logo após a eleição de Trump: “post-truth”, que o define como “relacionado a ou denotando circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e crença pessoal”. Fatos objetivos, a verdade, é justamente o que justifica a pesquisa científica, enquanto a pós-verdade produziu o principal elemento de algumas eleições ao redor do globo. 

Nossa matéria de capa aborda este tema. 

Na Escócia, teve início a COP26, a 26ª Conferência da ONU sobre a Mudança do Clima, aquela mesma que recebemos aqui no Brasil em 1992 (Rio92). Muita discussão entre as principais economias do planeta para resolver quem vai precisar se conter mais para reduzir o aquecimento global, fundamental para a garantia da vida humana no futuro. Para o Brasil será também uma oportunidade de negócios: conservar a Amazônia é fundamental para redução do carbono na atmosfera e poderia ter financiamento internacional. O Brasil está representado pelo seu ministro do Meio-Ambiente, Joaquim Leite. 

Uma das estrelas da abertura, a jovem índia amazonense Txai Suruí encerrou seu discurso com estas palavras: “Nós temos ideias para adiar o fim do mundo. Vamos frear as emissões de promessas mentirosas e irresponsáveis. Vamos acabar com a poluição das palavras vazias. E vamos lutar por um futuro e um presente habitáveis”. Esse é também o nosso desejo. 

A Diretoria

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