Por Cesar Drucker
Conselheiro do Clube de Engenharia
No próximo mês de setembro o país comemora duzentos anos da declaração de independência. Há cem anos, em setembro de 1922, quando foi comemorado o centenário, um dos eventos festejados foi um feito do Clube de Engenharia: o mapeamento da totalidade do território do pais realizado conforme regras internacionais.
Até então, alguns estados mais desenvolvidos tinham realizado suas cartas geográficas, seguindo convenções próprias. Havia grandes extensões de território nacional sem registro cartográfico, e o público acompanhava com interesse as expedições que visavam conhecer extensas áreas inexploradas, como as do Marechal Rondon e a do presidente norte-americano Theodore Roosevelt.
A confecção da futura Carta Geográfica do Brasil deveria seguir as diretrizes estabelecidas pela Comissão Internacional do Mapa do Mundo, criada em Londres em 1909, que determinou as dimensões, escalas, convenções, tipos de letras, cores etc. Alguns órgãos do governo estavam encarregados de reunir todas as informações cartográficas disponíveis para elaborar a Carta, mas os trabalhos se desenvolviam lentamente.
Então, em 1916, o Presidente do Clube de Engenharia, Paulo de Frontin, assumiu a responsabilidade de realizar a Carta do país, e convocou o Diretor Francisco Behring para coordenar os trabalhos.

Fonte: Biblioteca Nacional
Ele estabeleceu seu escritório no prédio histórico do Paço Imperial, situado na Praça XV de Novembro, onde funcionava a Repartição Geral dos Telégrafos. A rede telegráfica da época foi importante apoio para a confecção da Carta, assim como a participação dos membros do Observatório Astronômico.
Na verdade, havia três objetivos: 1) a reprodução do pais em 52 cartas na escala 1:1.000.000, que se entrosavam com todas as demais para compor a Carta Geográfica do Mundo, e foram chamadas de cartas estaduais. 2) o Mapa do Brasil na escala 1:2.500.000. 3 ) uma Carta Geral na escala 1:5.000.000.
A indústria tipográfica do Brasil não tinha capacidade para elaborar a impressão litográfica dessas Cartas. A da escala 1:1.000.000 foi impressa na Alemanha, e a de escala 1:2.500.000 foi impressa na França, tudo sob a supervisão de Francisco Behring.
Os trabalhos se completaram em 1922, quando a Carta Geográfica do Brasil foi apresentada na Exposição Internacional do Centenário da Independência, realizada no Rio de Janeiro naquele ano. Seu lançamento foi saudado na época como uma expressiva realização técnica da engenharia brasileira, e ai ela ganhou o nome popular de “Carta ao Milionésimo”. O reconhecimento pelo trabalho de Francisco Behring foi materializado através de rua com seu nome no Arpoador, Ipanema.
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