Projeto ‘Humanidades na Engenharia’ aborda os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

O projeto “Humanidades na Engenharia” discutiu a relação entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU e a atividade dos engenheiros. Para explicar o que são esses planos globais e como eles afetam o dia-a-dia dos profissionais, foi convidado o professor da Coppe/UFRJ Luan Santos, que fez também um balanço sobre o alcance das metas propostas.

Desde 2015, a ONU estabeleceu 17 objetivos que deveriam ser perseguidos por todos os países, com 169 metas que precisam ser alcançadas até 2030. Os propósitos, que visam ao desenvolvimento sustentável do planeta, são divididos em quatro áreas:  social, ambiental, econômica e institucional. A ideia é que sejam criadas condições para o crescimento econômico, respeitando o meio ambiente e criando melhores condições de equidade entre as pessoas.

Na medida em que os objetivos envolvem não só os governos como a atuação das empresas públicas e privadas, os ODSs acabam intimamente ligados aos resultados dos projetos em curso no Brasil e mundo, grande parte deles envolvendo engenheiros. Com isso, o exercício da atividade da engenharia ganha uma complexidade maior. Além dos cálculos necessários para o planejamento de construções e de elementos da infraestrutura, os profissionais precisam de uma visão mais holística sobre seu trabalho e avaliar as consequências sociais e ambientais das intervenções.

“Não é suficiente a formação técnica da engenharia no atual contexto do século XXI. Porque hoje é exigido desse profissional da engenharia uma maior conexão entre as distintas áreas de conhecimento. Não é possível hoje que tenhamos um profissional no mercado que não tenha a mínima noção da relação da sua engenharia com a agenda das ODSs, porque quando for desenvolver um projeto a empresa vai cobrar esse conhecimento”, afirmou o palestrante.

Confira o vídeo da live

Humanidades na Engenharia - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (27/04)

 

O desafio vai ao encontro da proposta do próprio projeto “Humanidades na Engenharia”, que procura enriquecer o conhecimento técnico-científico com outros saberes, principalmente das Ciências Humanas. Para o professor da Coppe, é necessário no mundo atual se conciliar o crescimento econômico, com a preservação do meio ambiente, numa perspectiva também socialmente mais justa.

Não é à toa que muitas empresas, principalmente as de capital aberto, estão buscando se adequar aos princípios ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Corporate Governance ou Ambiental, Social e Governança Corporativa, em português). O interesse dos investidores em aplicar em negócios que  seguem essa linha pode deixar para trás quem não acompanhar essas mudanças.

Apesar de haver necessidade de cumprimento de metas e de normas, o advento dos ODSs não representa obrigatoriamente restrições para a atuação dos engenheiros e profissionais de outras áreas. Segundo Santos, os objetivos abrem oportunidades ao proporem, por exemplo, o estímulo às energias renováveis. Por outro lado, a necessidade de se reduzir a produção de resíduos ou de aproveitá-los melhor também proporciona demandas para quem tem formação nessa área.

O presidente do Clube de Engenharia, Márcio Girão, participou do encontro e ressaltou a necessidade de maior engajamento e maior volume de investimento para que os objetivos sejam alcançados.

“Os engenheiros de uma forma geral não têm em sua formação tradicional esse aspecto muito forte. Como engenheiros, temos que ter preocupação social com os projetos que criamos. Os ODSs perpassam todas as engenharias. Mas, sobretudo no Brasil, estamos deixando muito a dever”, declarou Girão.

O professor reconheceu que muitas métricas não devem ser alcançadas a tempo, mas avalia que têm ocorrido avanços. Ele cita o exemplo do IGBE, que vem se empenhando em estabelecer critérios para a medição das metas. Por outro lado, a crise econômica e as restrições orçamentárias dos governos e empresas emperram grande parte das iniciativas.

“O desaquecimento leva à realocação de recursos. Então, ainda existe uma concepção de que olhar para essa agenda é um custo. Mas é um investimento. Eu sou otimista, mas eu queria ser mais porque houve uma redução dos orçamentos dessa pauta”, afirmou Santos.

A vice-presidente do Clube de Engenharia Maria Alice Ibañez destacou que o projeto tem o propósito de colaborar para a integração dos saberes técnicos e científicos com saberes humanistas. Com isso, ajuda na formação do engenheiro do século XXI.

“Esse é o espírito do engenheiro do século XXI, onde cada vez mais as ditas soft skills, aquelas habilidade que não são inerentes à profissão em si, são valorizadas. Nós temos a consolidação da engenharia humanista, com a integração de disciplinas das ciências sociais e humanas com a engenharia, geologia e arquitetura. Esta nova visão se vê cada vez mais presente nos dias de hoje”, destacou Maria Alice.

 

Veja abaixo a lista dos 17 ODSs:

  1. Erradicação da pobreza
  2. Fome zero e agricultura sustentável
  3. Saúde e Bem Estar
  4. Educação de Qualidade
  5. Igualdade de Gênero
  6. Água Potável e Saneamento
  7. Energia Limpa e Acessível
  8. Trabalho Decente e Crescimento Econômico
  9. Indústria, Inovação e Infraestrutura
  10. Redução das Desigualdades
  11. Cidades e Comunidades Sustentáveis
  12. Consumo e Produção Responsáveis
  13. Ação Contra a Mudança Global do Clima
  14. Vida na Água
  15. Vida Terrestre
  16. Paz, Justiça e Instituições Eficazes
  17. Parcerias e Meios de Implementação

O detalhamento pode ser conhecido no link: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

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