Na Década dos Oceanos, ainda há muito a ser feito pelo ecossistema marinho

Encontros com Tecnologia trata da importância da preservação dessa riqueza para o Brasil e o mundo

O mundo está em plena Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, que vai até 2030. No entanto, muito ainda tem que ser feito pela Humanidade para se reverter o processo de degradação das águas que cobrem cerca de 70% da superfície terrestre. Por isso, foi de tamanha importância o Encontros com Tecnologia, promovido pelo Clube de Engenharia em junho, com o tema “O Brasil na Década dos Oceanos”, que recebeu o Capitão-de-Mar-e-Guerra Marzone Affonso Rêgo Gavino.

O militar da reserva da Marinha ocupa atualmente o cargo de Gerente do Programa de Desenvolvimento e Aproveitamento Sustentável da Amazônia Azul e pôde falar sobre a importância dessa região que é uma extensão marítima do território brasileiro e dos oceanos de forma geral. Toda essa zona marítima, que vai além inclusive da chamada plataforma continental brasileira, possui uma área de 5,7 milhões de quilômetros quadrados e pode ser aproveitada pelo Brasil para transporte, exploração de petróleo e gás, extração mineral, pesca, turismo e pesquisa científica. Mas a poluição é adversária do bom aproveitamento dessa riqueza.

O fato é que o mar sofre com o despejo de esgoto e de resíduos sólidos, até por embarcações que trafegam em suas águas. Esse ecossistema também é afetado pela poluição do ar, pois o aumento da presença de gás carbônico na atmosfera modifica sua acidez. Há também o aumento de sua temperatura em virtude do efeito estufa. São fatores que têm sido nocivos para a vida nesse espaço aquático, com repercussão sobre todo o planeta. Afinal de contas, até para o fornecimento de biofármacos, esse ecossistema é útil à saúde humana.

Segundo o palestrante, há também boas notícias no que diz respeito a iniciativas que procuram reduzir a poluição dos oceanos, que contribuem também para o equilíbrio climático para o planeta. Combater a degradação das águas é fundamental inclusive para a oxigenação da atmosfera.

“Costuma-se dizer que a Amazônia é o pulmão do mundo, mas na verdade são os oceanos que têm esse papel. Eles produzem mais da metade do oxigênio existente no planeta”, explicou o capitão-de-mar-e-guerra.

Gavino falou sobre os esforços do Estado brasileiro para implementar pesquisas nessa área, melhorar o patrulhamento e o monitoramento de acidentes ambientais e preservar a vida marinha. Desde a década de 1970, existe a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), que coordena ações envolvendo diversos ministérios para o aprimoramento do conhecimento e das políticas públicas para a Amazônia Azul. No entanto, o país ainda precisa aprimorar sua capacidade de rastreio de agentes poluidores, entre outros investimentos na área.

Sinal disso foi o acidente ocorrido em 2019, que durante meses foi responsável pelo aparecimento de manchas de óleo no litoral do Nordeste. O episódio prejudicou o turismo e o lazer na região, atrapalhando uma atividade econômica vital. Segundo Gavino, já há um sistema de gerenciamento para embarcações, mas que depende do envio de informações de quem trafega pelo território marítimo brasileiro. Uma fiscalização mais ativa e efetiva dependeria da compra de novos equipamentos.

“É um investimento bem caro. A Marinha tem feito todos os esforços para obter esses recursos, mas o que foi arrecadado até agora não permite a implantação total desse sistema. Já foi instalado um projeto-piloto na época das Olimpíadas do Rio, mas a ideia é que vá sendo feito de forma modular a implementação do sistema para melhorar a capacidade de detecção ativa desses poluidores”, explicou Gavino.

O evento foi coordenado pelos conselheiros Cezar Drucker e Fátima Sobral Fernandes. Drucker ressaltou a preocupação com as mudanças climáticas e seus efeitos sobre os fenômenos vinculados aos oceanos. A conselheira também colocou a questão alarmante das projeções de elevação do nível do mar e mais uma vez conduziu a divisão dos participantes da palestra em grupos para debates. Novamente, o Encontros com Tecnologia proporcionou a troca de conhecimentos e o fortalecimento do network entre seus integrantes.

 

 

Receba nossos informes!

Cadastre seu e-mail para receber nossos informes eletrônicos.

O Clube de Engenharia não envia mensagens não solicitadas.
Pular para o conteúdo