Ciência e empreendedorismo devem ser aliados na busca da inovaçã

A contribuição que o planejamento de negócios pode trazer para a pesquisa foi tema de evento do Encontros com Tecnologia

A inovação de base científica tem grande potencial para a geração de desenvolvimento econômico para o país, mas o elo entre o campo acadêmico e o mercado precisa ser estreitado para que as invenções tenham êxito. Por isso, foi valiosa e inspiradora a palestra concedida pelo cientista Mauro Rebelo para o projeto Encontros com Tecnologia, do Clube de Engenharia. A edição de outubro teve como título “Desafios do Empreendedorismo de Base Científico-Tecnológica: da bancada para o balcão” e ajudou no esclarecimento de muitas dúvidas de pesquisadores que procuram viabilizar seus projetos.

Uma questão frisada pelo palestrante é que ao contrário do que muitos pensam há significativas fontes de recursos para projetos de inovação. Grande parte deles é disponibilizada através de editais públicos de fomento, lançados por órgãos governamentais ou por empresas públicas, como a Finep. Por força de lei, empresas dos setores de energia elétrica ou petróleo também precisam destinar parte de suas receitas para projetos de pesquisa e os montantes são elevados, o que também proporciona fontes importantes para o financiamento dessas iniciativas inovadoras. Outras legislações, como de Informática ou de Biodiversidade, também destinam recursos para pesquisa científica e podem servir de apoio para os projetos.

Mas há também diversas formas de arrecadação, como os crowdfundings, conhecidos popularmente como “vaquinhas virtuais”. São formas de contribuição voluntária das pessoas, divulgadas normalmente pela internet. O próprio Rebelo contou como foi sua primeira experiência com esse instrumento, que tinha como objetivo recolher dinheiro para financiar sua pesquisa sobre o mexilhão dourado, que prejudica o funcionamento de usinas hidroelétricas. Mais de 20 mil pessoas contribuíram.

“Há várias leis que criam incentivo para o investimento em pesquisa, mas a maior parte dos cientistas em academia não sabe que esses recursos existem. Por isso, eu digo que não existe problema de financiamento de pesquisa no Brasil”, afirmou o pesquisador.

Além da simples falta de conhecimento, há diversos fatores que impedem o melhor aproveitamento dos recursos, segundo ele. Parte desses problemas está na dificuldade de pesquisadores compreenderem as exigências dos editais e até criarem planos de negócio para suas descobertas. Conhecimentos de marketing, administração ou economia geralmente faltam porque na formação acadêmica não há a inclusão de aulas sobre o campo do empreendedorismo.

Por outro lado, o cientista também contou sobre algumas iniciativas suas que não chegaram a ter o aproveitamento esperado por falta de interesse das empresas, como a bactéria que retira metais pesados da água. Teria grande serventia no Brasil, mas falta incentivo para que as firmas abracem as ideias e mudem seus processos. O quadro contrasta com o de grandes multinacionais com sede em países desenvolvidos, que possuem departamentos próprios de pesquisa e desenvolvimento e que contratam grande número de doutores para, inclusive, criarem suas próprias patentes.

Como em outras edições, o Encontros acolheu a participação do público, que se dividiu em grupos para debater o tema e levar perguntas ao palestrante. A introdução de uma cultura empreendedora nas universidades foi apontada como uma solução para muitos dos problemas enfrentados e uma nova cultura inovadora nas empresas também foi proposta bem recebida no debate.

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