Ennio Candotti fala da crise de confiança na ciência

Físico, ex-presidente da SBPC, participou do projeto Humanidades na Engenharia e defendeu um retorno à experimentação

Numa era em que a educação a distância e a comunicação virtual são cada vez mais frequentes, o físico Ennio Candotti vai na contramão dessa digitalização e propõe a retomada do conhecimento pela experiência e o toque. O cientista ítalo-brasileiro, que atualmente dirige o Museu da Amazônia, em Manaus (MA), alerta para a crise de confiança na ciência e também para o excesso de informação em circulação no planeta. Como nem tudo é verificável, o ser humano vai perdendo sua capacidade de distinção entre o verdadeiro e o falso.

O episódio de novembro do projeto Humanidades na Engenharia recebeu o cientista premiado com o Kalinga da UNESCO, que tem no currículo quatro mandatos como presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O tema da sua palestra foi: “Popularizar o que sabemos e o que não sabemos é preciso!”, em que tratou de como a humanidade avançou em termos quantitativos no acesso à informação, mas perdendo a capacidade de avaliação criteriosa da realidade.

Segundo ele, o mundo atual vive uma crise da confiança na ciência e a perda das experiências sensoriais e físicas só tende a aumentar essa deformação. Por isso, ele defende essa reeducação através do contato com a natureza para a formação dos jovens, que no futuro podem integrar uma geração mais capacitada e crítica.

“Nos dias de hoje precisamos muito da ajuda dos trabalhos manuais, da experiência do fazer. Precisamos de mais espaços experimentais, onde os objetos possam ser tocados”, explicou Candotti, que adota a prática no Museu da Amazônia.

O pesquisador da COPPE/UFRJ Arthur Obino participou do debate e comentou como os pontos de vista apresentados tangenciam a engenharia, que também precisa ter uma prática mais humana, na relação dos profissionais com os instrumentos e através de uma atuação mais afetiva com os projetos executados.

Assista o programa na íntegra.

A apresentação do projeto Humanidades na Engenharia e o histórico dos vídeos também podem ser vistos na revista Projetos Especiais.

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