Enchentes no Rio

Certamente sabemos que, ao longo do tempo, o Rio de Janeiro foi, pelo crescimento, aumentando a sua área impermeabilizada, quer seja pelos novos pavimentos (ruas e calçadas), pelos telhados, pela diminuição dos quintais, etc. Também sabemos que as encostas foram devastadas pela ocupação desordenada. As matas dos morros, funcionam como uma toalha, já que recebem as águas das chuvas e as despejam lentamente, após absorverem uma parte, segundo a ação da gravidade. Com a desordem urbana nos morros, temos agora a impermeabilização aumentada e não temos mais a vegetação para reter a água, resultando em consequência a enxurrada. Enquanto isso, nas partes baixas, as calhas dos rios continuaram inalteradas e mais: com árvores margeando as suas bordas, o serviço de dragagem é mais complicado.

A consequência deste “status quo”, é que o coeficiente de “run off” real já não é o mesmo adotado por ocasião do projeto original de drenagem.

Os rios do Rio têm a seguinte característica: curso pequeno, baixa vazão em tempo seco, grande declividade nas partes altas e baixíssima declividade nas partes baixas, até porque a cidade não cresceu somente nos morros. Expandiu-se para os lados (aterros do Flamengo,da Av Brasil). Ninguém tem dúvida de que este acréscimo de extensão, em nível, na parte baixa dos rios, provoca uma diminuição de vazão, além de facilitar o assoreamento em razão da redução da velocidade.

Assim sendo, contribuindo para a situação atual da macro-drenagem do Rio de Janeiro, temos:

1) Aumento do coeficiente de “run off”;

2) Diminuição do tempo para as águas de chuva chegarem às calhas dos rios (ausência de vegetação nas encostas);

3) Dificuldade de dragagem permanente;

4) Assoreamento dos rios na sua foz.

Todos estes pontos contribuem para que as águas dos rios,quando ocorrem grandes chuvas, saltem das suas calhas. Notadamente na Zona Sul, os rios Macacos e Rainha e, na Zona Norte, os rios Maracanã, Joana e Trapicheiros.

O Clube de Engenharia já se posicionou formalmente junto à Prefeitura do Rio de janeiro a favor da continuação da construção do Túnel Extravasor, que é um projeto amplo, que coletará as águas excedentes dos rios Macacos, Rainha, Cabeças, Trapicheiros, Joana e Maracanã. Este projeto, inicia do nos anos 70, foi paralisado. A Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro está se preocupando unicamente com a Zona Norte, desprezando o que ocorre na Zona Sul.

Vantagens do Túnel Extravasor:

1) Tem uma abrangência muito maior;

2) Provoca pequeno impacto ambiental durante a sua construção (trata-se de um túnel);

3) Já há um trecho de 1500m construído.

Desvantagens da atual alternativa da Prefeitura (rios Maracanã e Joana):

1) Provocará grandes transtornos nas áreas adjacentes às obras;

2) Provocará grande assoreamento na região do cais do porto (Porto do Rio);

3) Os relatórios técnicos não garantem a eficiência da solução (está descrito no laudo da Rio Águas !!!).

Portanto, o Clube de Engenharia continua insistindo que a solução definitiva para o problema das enchentes do Rio de Janeiro é o túnel extravasor.

A Diretoria

 

Jornal 504 – fevereiro 2011 – página 2 – Editorial

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