UFRRJ traz debate sobre manejo do solo e produção de alimentos orgânicos ao Clube de Engenharia

Em evento sobre sustentabilidade promovido pelo Programa de Pós-graduação em Práticas em Desenvolvimento Sustentável (PPGPDS), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), na tarde da última terça-feira no Clube de Engenharia, o tema principal foi o movimento agroecológico no Brasil. O palestrante Antonio Carlos Abboud abordou o tema durante o Seminário Diálogos para Prática do Desenvolvimento Sustentável, que promoverá eventos semanalmente no Clube de Engenharia até o final do ano.

Abboud explicou a trajetória do Sistema Integrado de Pesquisa em Produção Agroecológica (SIPA), conhecido como Fazendinha Agroecológica Km 47. O projeto, que é aplicado em Seropédica, sede da UFRRJ, teve início em 1993 e tem parceria com a Embrapa Agrobiologia, Embrapa Solos, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO). Hoje, a Fazendinha ocupa uma área de aproximadamente 70 hectares. Desse total, 10 são destinados ao cultivo de hortaliças e frutíferas, 40 à formação de pastagens. A área de preservação ambiental é composta de 20 hectares.

Para o pesquisador, a diversidade de áreas é uma questão importante para a agroecologia. Ela deve abarcar setores capazes de investigar e criar novas formas de otimizar a produção agroecológica, além de promover a interdisciplinaridade do conhecimento. “A Fazendinha consiste num espaço para o desenvolvimento da agroecologia em bases científicas. As ações de pesquisa estão fundamentadas na diversificação vegetal, na pecuária, na integração entre os componentes vegetal e animal e na fixação biológica de nitrogênio, que enriquece os ambientes e está associada ao carbono. A ligação entre nitrogênio e carbono é o que permite a gestão da biomassa”, detalhou o professor.

Entre as questões abordadas durante a palestra está a agricultura orgânica. Segundo Abboud, os princípios agroecológicos podem ou não estar presentes na agricultura orgânica, e o que faz com que a produção seja eficiente é a administração desses princípios. “A ciclagem de nutrientes e o alcance da autossuficiência na nutrição nitrogenada das plantas são questões cruciais, e levam tempo”, frisou.

Além de outros fatores, o tempo parece ser um ponto importante para a agroecologia. O pesquisador alerta para as diferenças entre a produção que hoje é hegemônica e a produção orgânica. “A medida de tempo entre as duas é diferente. É preciso ter paciência, calma e persistência para, por exemplo, migrar do modelo atual para o agroecológico. No início, a produção cai, até que a nutrição do solo alcance uma estabilidade. Com o sistema econômico e de produção que temos hoje, realmente é quase impossível se pensar em agricultura orgânica, por isso, é necessária uma total mudança de pensamento tanto dos produtores como dos consumidores”.

Sobre o preço dos produtos, Abboud acredita que é uma consequência da mentalidade atual de consumo. “À medida em que a demanda por orgânicos aumente, a oferta também aumentará e, com isso, o preço vai cair. Para isso, é preciso desenvolver o mercado e ampliar a oferta e a demanda”, concluiu.

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