Acaba de ser assinado o primeiro contrato do PAISS - Plano Conjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico, uma parceria entre a FINEP e o BNDES. O CTC – Centro de Tecnologia Canavieira receberá inicialmente R$ 227 milhões em crédito da FINEP, mas já estão em negociação valores suplementares por meio de subvenção econômica e pela linha FINEP – Cooperativo, dentro da nova estratégia de integração de instrumentos da Financiadora. Segundo Ricardo Jabace, superintendente da Área de Apoio a Projetos Inovadores e Descentralização da FINEP, isso mostra “a agilidade no processamento dessa operação”, destacando ainda que trata-se do apoio a um dos principais agentes do setor.

A proposta do CTC tem foco em tecnologias disruptivas, ou seja, aquelas que superam o estado-da-arte, e que, sozinhos, os produtores não conseguiriam desenvolver.  O CTC irá colocar à disposição do mercado novas fontes de biomassa (bagaço e palha) e novos usos para ela, além de variedades de cana-de-açúcar com uma genética superior. Além disso, o Centro irá iniciar o conceito da biorrefinaria, com a viabilização da produção de biobutanol, importante produto químico com diversos usos, a partir dos açúcares da cana.

Hoje, o principal produto CTC é a venda de variedades melhoradas de cana-de-açúcar. Segundo o Centro, seu histórico de inovações já gerou ganhos de mais de R$ 500 bilhões para a indústria sucroenergética nacional nos últimos 40 anos. Só nos últimos seis anos foram depositadas 22 patentes.

Dos seus atuais 320 colaboradores, 109 estão voltados a pesquisa e desenvolvimento (P&D), tanto na área agrícola como na industrial. O centro tem também laços de cooperação com universidades de excelência, como USP, Unicamp, UFRJ e UFPr, além de institutos de pesquisa, como CTBE, IPT, Embrapa, e entidades de ponta fora do Brasil.

- A iniciativa da FINEP e do BNDES foi muito importante, ao disponibilizar recursos para pesquisa relacionada ao setor sucroenergético num momento em que este passa por dificuldades e luta para manter sua competitividade, frente a alternativas encontradas em outros países, como etanol de milho, nos Estados Unidos, e açúcar de beterraba, na Europa – diz José Gustavo Teixeira Leite, CEO do CTC.

Segundo ele, o Brasil vem assumindo uma postura de crescente relevância no cenário internacional. “Nessa direção, alinham-se os esforços do PAISS, viabilizando recursos para um setor de alta relevância e onde o Brasil pode liderar no médio e longo prazo”, diz Gustavo.

O Brasil é hoje o maior produtor de cana-de-açúcar do planeta, sendo responsável por 25% da produção mundial de açúcar e etanol, exportando aproximadamente 50% do açúcar e 20% do etanol comercializado no mundo. Além disso, é um dos poucos países que possui disponibilidade de grandes áreas para plantio. Há no país atualmente 413 usinas e 40 associações de fornecedores de cana-de-açúcar, que correspondem a uma área cultivada de 8,3 milhões colhidos na Safra 11/12. Deste total, aproximadamente 45% da área são de acionistas do CTC S.A.

Para Gustavo, o principal desafio em relação à viabilização do uso do etanol celulósico é conseguir reduções significativas do custo de produção.

PAISS

Lançado em março de 2011, o PAISS é uma iniciativa conjunta do BNDES e da FINEP de seleção de planos de negócios e fomento a projetos que contemplem o desenvolvimento, a produção e a comercialização de novas tecnologias industriais destinadas ao processamento da biomassa oriunda da cana-de-açúcar, com a finalidade de organizar a entrada de pedidos de apoio financeiro no âmbito das duas instituições e permitir uma maior coordenação das ações de fomento e melhor integração dos instrumentos de apoio financeiro disponíveis. O programa vai disponibilizar recursos da ordem de R$ 1 bilhão, que serão aplicados de 2011 a 2014.

Foram recebidas inicialmente 57 Cartas de Manifestação de Interesse. Foram selecionados 35 planos de negócios correspondentes a 25 empresas. A partir daí, BNDES e FINEP elaboraram Planos de Suporte Conjunto para cada um dos planos de negócios selecionados.

Dos planos selecionados, 13 são voltados a pesquisas tecnológicas no setor de etanol a partir de celulose (o etanol de segunda geração), 20 para o desenvolvimento de novos produtos, e dois em gaseificação. O segmento de novos produtos, destinado a agregar valor à biomassa da cana, abrange desde intermediários químicos a plásticos biodegradáveis, passando por novos biocombustíveis, como diesel, butanol e querosene de aviação. 

Fonte: FINEP

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