Em 1980, o PIB da indústria brasileira era maior do que a soma da produção industrial da China e da Coreia do Sul. Foto: Agência Brasil

Por Alexandre Mendes Wollmann, engenheiro, diretor-presidente do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS)
Publicado em Jornal do Comércio

O economista Paulo Gala, da Fundação Getúlio Vargas, trouxe à toma um dado alarmante. Segundo ele, em 1980, o PIB da indústria brasileira era maior do a soma da da produção industrial da China e da Coreia do Sul. Passados 40 anos, deixamos de observar pelo retrovisor o vento folgar a história do desenvolvimento de muitos países. Fomos ultrapassados por fluxos de crescimento vertiginosos, ao mesmo tempo que consolidamos nossa posição de fornecedor mundial de commodities como soja e minério de ferro. Em poucas décadas, nos solavancos do crescimento econômico, nossos profissionais de todas as áreas da Engenharia conviveram com alguns espasmos positivos e seguidos por períodos de profunda crise, como o atual, em que oportunidades de emprego escasseiam na espiral negativa do setor industrial.

Assim, substituímos o retrovisor pelas telas dos smartphones na esperança de encontrar o destino para o qual devemos seguir como nação provedora de oportunidades e de bem-estar a todos.

Hoje, países que já passaram por ciclos de absoluto caos econômico, político e social passaram a ser nossas referências para futuros horizontes, comprovando que sempre haverá uma saída para construirmos o Brasil que queremos.

No entanto, pecamos mortalmente pela ausência de planejamento de médio e longo prazos, ao permitirmos que a batuta da economia permaneça nas mãos de governos e suas sazonalidades e inconsistências.

Qual o projeto que temos para as universidades, instituições indispensáveis para qualquer que seja a meta alcançada? Dados do Fórum Econômico Mundial indicam que a Rússia forma quase meio milhão de novos engenheiros a cada ano; o Irã, 233 mil; já o Brasil, sem uma mínima política de desenvolvimento integrado, pouco mais de 83 mil.

É também alarmante observarmos o aumento da migração de jovens profissionais de todos os segmentos para o exterior. Sem poder absorvê-los, a economia brasileira os exporta, depois que suas famílias e o poder público terem investido em suas formações acadêmicas, um retrato cristalino da falta de convergência entre a economia, as universidades e a sociedade.

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