“Não cabe ao Clube de Engenharia, uma casa centenária, reconhecida por sua excelência e competência técnica, ser contra ou a favor das mudanças no centro do Rio divulgadas pela imprensa. Tecnicamente é nosso papel avaliar o plano traçado pelo poder público, se ele existir. Temos 19 Divisões Técnicas atuando em áreas vitais para o desenvolvimento urbano e determinação para trabalhar em ações conjuntas com o governo local. Mas para isso temos que ter acesso aos estudos técnicos que geraram decisões tão inesperadas e drásticas para a cidade”, afirmou Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia. A declaração surge em meio à perplexidade vivenciada pelos cariocas, ainda não refeitos da implosão de parte da Perimetral, fato recente que gerou as medidas agora anunciadas.

Em paralelo, os debates acontecem. Como não podia deixar de ser, o Clube abre as portas para que movimentos sociais e categorias profissionais confrontem ideias e busquem esclarecer propostas que devem provocar imensos transtornos no já tão congestionado trânsito e, mais ainda, na trágica rotina de quem depende do transporte coletivo.

Devido à finalização da derrubada da Perimetral, a prefeitura do Rio de Janeiro vai realizar mudanças bruscas no trânsito da região. A ideia inicial era transformar parte da Avenida Rio Branco, uma das principais ruas do centro da cidade, em um parque fechado para veículos. A decisão chegou a ser publicada no Diário Oficial em maio do ano passado. No entanto, neste mês de janeiro, o projeto foi modificado e, agora, as obras transformarão a Avenida em uma via de mão dupla, com faixas exclusivas para taxis e ônibus.

 "Chegou-se ao consenso de que as consequências do novo ordenamento do trânsito serão provavelmente mais negativas do que positivas”, declarou o assessor parlamentar, ex-técnico do metrô e integrante do Fórum de Mobilidade Urbana, Fabio Tergolino, durante reunião do Fórum realizada no Clube de Engenharia. Em entrevista coletiva à imprensa, o prefeito Eduardo Paes afirmou que, a partir do dia 1º de fevereiro, a Rio Branco passa a operar apenas no sentido Praça Mauá (a partir do trecho da Presidente Vargas). Em 8 fevereiro, a partir da Presidente Vargas até a Avenida Beira-Mar, a Rio Branco vai operar em mão dupla exclusiva para táxis e ônibus com ligação direta ao Aterro do Flamengo e Presidente Vargas. A partir daí, inevitavelmente, diversas mudanças ocorrerão no trânsito do centro da cidade.

“Trata-se de um corredor de fluxo muito importante, que dá acesso de toda a zona norte e parte da zona oeste e baixada para o centro comercial e financeiro. Não havendo aumento de oferta dos modais atuais, certamente haverá superlotação e aumento do tempo de viagem, em função de maior aglomeração dos veículos em menor espaço viário”, argumentou Tergolino.

Aqueles habituados a usar veículos próprios terão grande dificuldade para migrar para o transporte coletivo. “Essa iniciativa unilateral dá a impressão de haver falta de planejamento e de consulta à opinião pública e de reserva de mercado para os atuais concessionários de transporte público daquela região, além de cercear uma das opções do cidadão, que é a de utilizar o carro”, concluiu Tergolino.

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