Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Por Pedro Celestino
Presidente do Clube de Engenharia
Jornal O Estado de São Paulo, 09/09/2021

O general Silva e Luna, presidente da Petrobrás, brindou-nos ontem nas páginas deste Estado*, com um interessante artigo no qual pretende justificar os abusivos preços dos combustíveis no nosso país.

Explica-nos ele a extensa cadeia de eventos que permitem que os combustíveis cheguem aos consumidores, enaltecendo corretamente o papel da Petrobrás no processo.

Entretanto, ao justificar o preço dos combustíveis, o general alega que a Petrobrás recebe “apenas” R $2 dos R $6 que o consumidor paga por litro de gasolina, porque “como não participa da distribuição nem da revenda a empresa não tem poder de decisão sobre o preço final ao consumidor”. Não comenta o general que a Petrobrás abriu mão de tal poder quando decidiu se desfazer da sua distribuidora e de metade das suas refinarias, passando a ser mera produtora de óleo bruto, de importância cadente, o que nos remeterá à situação em que nos encontrávamos quando a Petrobrás foi criada, nos anos 50 do século passado, a de absoluta dependência das multinacionais que controlam o mercado de petróleo no mundo.

O general culpa a estrutura tributária pela triplicação do preço pago pelos consumidores, convenientemente eximindo o governo federal de responsabilidade, pois os tributos federais estão zerados desde março último. Justifica a absurda decisão de praticar aqui preços praticados no mercado mundial, pois “a Petrobrás não tem o monopólio da comercialização dos combustíveis, nem condições de investir, sozinha, para atender à demanda”, o que não é correto. General, a Petrobrás, desde que foi criada, quando não tínhamos petróleo, abasteceu o mercado brasileiro com eficiência, sem nunca ser objeto de crítica por parte da sociedade. O tal preço de paridade internacional, general, favorece unicamente as multinacionais do petróleo e as refinarias no exterior, deixa ociosas as refinarias da Petrobrás, que perde mercado para elas, e encarece os preços para o consumidor. É isso que tem de ser o quanto antes mudado, general. É preciso dar um basta ao desmonte da Petrobrás.

* Citação ao artigo publicado pelo presidente da Petrobrás no jornal O Estado de São Paulo em 05/09/2021.

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