Encontros com Tecnologia abordou a nova fronteira da internet, que envolve o metaverso, criptomoedas, blockchain
“A evolução da Web e o metaverso: tendências e desafios” foi o tema do último Encontros com Tecnologia promovido pelo Clube de Engenharia. O evento virtual contou com a participação dos palestrantes Pedro Mendes, desenvolvedor frontend especializado em inovações digitais, e Carlos Henrique Pereira, redator criativo na Fallen Company. A dupla se revezou na explanação, contando a evolução tecnológica e comportamental da rede mundial de computadores até a chegada da chamada Web 3.0, com seu gigantesco potencial de criação, mas com desafios sérios nos campos ético e social.
Os participantes do evento puderam observar como a rede, que surgiu de uma demanda militar, evoluiu para se transformar no principal meio de informação, entretenimento, consumo e base de transações financeiras, entre tantas outras funções. A internet adquiriu formato gráfico na era da Web 1.0, mas a divulgação das informações era muito unilateral no seu início nos anos 1990. A maior participação dos usuários veio com o modelo 2.0, que também passou a permitir a coleta de informações do público.
“O grande problema aqui não é só o fornecimento da informação e a coleta de dados. O grande problema é a centralização da informação. Porque os servidores têm todo o poder da informação, e eles são de propriedade de uma empresa privada. Dificilmente, saberemos o que eles estão fazendo com aquela informação”, apontou Carlos Henrique a propósito das características da Web 2.0.
Impactos econômicos e comportamentais da Web 3.0
Vêm ocorrendo, portanto, transformações que causaram impactos econômicos e comportamentais profundos na humanidade, que assiste atualmente ao advento da Web 3.0. Nesse novo formato, foi possível desenvolver interações através do blockchain, um novo modo de armazenamento e validação de dados mais descentralizado, em que o funcionamento das comunicações não depende de um servidor central.
No sentido inverso, na nova internet os sites, aplicativos e plataformas em geral os dados ficam registrados em todos os participantes de uma rede, sem necessidade de servidor central. Esse princípio foi o que possibilitou a criação da primeira criptomoeda, a Bitcoin, mas também transformou profundamente o marketing, pois abriu-se a possibilidade de coleta de informações individualizadas dos usuários. Se por um lado, operações financeiras ficam mais seguras e até à prova de hackers, por outro há maior possibilidade de manipulação da opinião pública através de propaganda direcionada para públicos com perfis previamente conhecidos.
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Os palestrantes também traçaram a evolução das plataformas que funcionam como metaverso, em que os participantes interagem entre si num ambiente em três dimensões. O conceito foi primeiro implantado pelo Second Life, mas formatos mais atraentes aos poucos foram sendo lançados no mercado, principalmente com a possibilidade de uso de óculos de realidade virtual. Atualmente, já é possível assistir a shows ou fazer reuniões de trabalho em ambiente virtual.
“O metaverso vem para suprir uma necessidade nossa de manipular quem nós somos perante os outros. Temos essa necessidade. Então, quando a gente fala de criação de mundo e o mundo virtual, não estamos falando de viajar e passear mais, estamos falando de uma necessidade de manipular o que eu gostaria de transmitir para os outros e de uma facilidade de interação com o mundo”, afirmou Pedro Mendes.
Como em todos os Encontros, os palestrantes responderam a perguntas dos jornalistas e puderam explicar melhor seus posicionamentos com relação a uma possível elitização do metaverso e também sobre questões éticas que devem ser enfrentadas pelos desenvolvedores dessa tecnologia. Os participantes se dividiram em grupos, debateram o tema e também puderam lançar perguntas.
Decentralized Autonomous Organizations
Nesse momento do evento, os palestrantes tiveram a oportunidade de dar mais detalhes sobre o funcionamento das chamadas DAOs (decentralized autonomous organizations, ou organizações autônomas descentralizadas). Essas “empresas” do futuro possibilitadas pelo blockchain prometem revolucionar diversos mercados e suas regras tiveram seus prós e contras discutidos.
A conselheira vitalícia do Clube Fátima Sobral Fernandes conduziu o evento e fez uma avaliação positiva do encontro. “Nós criamos esse programa Encontros com Tecnologia exatamente para levar essas discussões da tecnologia junto à sociedade. Não precisa ser engenheiro para estar aqui, basta estar interessado em conhecer a tecnologia e como ela pode afetar sua vida. Esse é um assunto muito novo e estamos apenas iniciando a conversa. Temos a obrigação de pensar e repensar a realidade para tomarmos os cuidados necessários”, destacou Fátima.
Foto: Pixabay