Encontros com Tecnologia aborda os avanços da indústria limpa

Evento do Clube trouxe duas engenheiras químicas para falar sobre processos que eliminam resíduos e trazem eficiência econômica

O Encontros com Tecnologia de maio abordou o tema da “Produção mais limpa e geração de empregos”. Os dois aspectos são para muitas pessoas contraditórios, mas não foi essa a realidade mostrada pelas palestrantes do evento. Pelo contrário, as engenheiras químicas Rosele de Felippe Wittée Neetzow e Ana Maria Evangelho Oestreich deixaram claro que a adoção de métodos sustentáveis gera economia para as empresas e uma imensa gama de oportunidades de emprego e de manutenção da empregabilidade.

A engenheira gaúcha Rosele é consultora da United Nations Industrial Development Organization – UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, em tradução livre para o português) e pôde contar como o conceito começou a ser implantado na prática em Porto Alegre desde 1995, quando ela iniciou sua atuação em centro montado pelo Senai. Segundo a palestrante, desde a década de 1970, o mundo vem evoluindo de métodos considerados de “fim de tubo”, em que a principal preocupação é dar um destino adequado ao rejeito, para o foco na redução total na produção de resíduos.

Mais do que a busca por soluções de menor impacto ambiental, as indústrias vêm descobrindo as vantagens econômicas do melhor aproveitamento dos materiais. Em parte, esse processo foi motivado pela constatação de que seria inviável para o planeta a construção infinita de aterros sanitários para o despejo, mesmo que controlado, de resíduos. Por outro lado, as inicialmente bem-vindas estações de tratamento de efluentes começaram a pesar nos custos. São fatores que levaram as empresas a reverem seus procedimentos, materiais e até a tecnologia para evitar ao máximo a produção de dejetos.

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“Olhando para dentro das atividades, muitas das vezes que nós tentamos levar isso para as empresas, nós encontramos muitas barreiras. Principalmente naqueles tempos em que a ideia era produção, sem olhar muito para dentro do processo porque já há um sistema de fim de tubo funcionando. Muitas barreiras tivemos que enfrentar para levar a produção mais limpa. Até hoje existem empresas que acham que o meio ambiente e a produção industrial são incompatíveis. Não conseguiram enxergar que o meio ambiente faz parte do negócio e é preciso estar na estratégia da empresa”, contou Rosele.

A responsabilidade sobre o meio ambiente e o potencial de ganho na adoção de práticas sustentáveis são preceitos que dizem respeito a empresas de todos os portes. Segundo a palestrante, eliminar resíduos começa com um mapeamento de todo o processo. É necessária a identificação de fluxogramas, balanços de materiais, levantamentos e diagnóstico de todas as etapas para a identificação e solução das causas de geração desses elementos nocivos.

A evolução da indústria limpa não para por aí. Cada vez mais, há uma preocupação com a destinação dos próprios produtos, que vão ganhando embalagens retornáveis, recebem novas matérias-primas recicláveis ou que não agridam o meio ambiente. São preceitos da chamada economia circular, que estão ganhando força. A explanação da engenheira foi pontuada com a apresentação de diversos casos de sucesso, que incluem as indústrias automobilística, de móveis e da construção, por exemplo.

A também engenheira gaúcha Ana Maria Evangelho Oestreich, que participou da transmissão a partir da Alemanha, complementou o painel do Encontros abordando o impacto dessas transformações sobre o mundo do emprego. Segundo ela, são inúmeras as profissões que estão sendo afetadas pelas mudanças introduzidas pela indústria limpa. Os profissionais que se capacitam para propor inovações, para adotar práticas mais seguras e menos poluentes e que contribuem para a adoção da economia circular acabam sendo mais valorizados. Os novos processos também estão gerando novas vagas para engenheiros de todos os ramos e pessoas ligados tanto às ciências exatas como humanas.

“Se a gente olhar ao longo do tempo, vamos vendo que novas profissões vão sendo criadas com tratamento de fim de tubo e licenciamento. São condições favoráveis aos engenheiros sanitaristas, laboratoristas, biólogos, geólogos de aterros sanitários, quando não havia tecnologia. Surgem oportunidades para os guardas, a segurança das centrais de tratamentos, transportadores treinados, pessoas que limpam e reciclam embalagem. Certificação abre espaço para auditores ambientais, sociólogos, economistas e diversos profissionais que estudam impacto ambiental”, explica Ana Maria.

A coordenação do Encontros ficou a cargo da conselheira vitalícia do Clube Fátima Sobral Fernandes, que também contribui com o debate. Ela instou as empresas a avaliarem o quanto desperdiçam de recursos ao não reverem suas práticas.

“Mesmo as pequenas e médias empresas, fazendo essa conta de quanto já estão perdendo e quanto vão perder, com o prejuízo que estão tendo, já verão que as possibilidades de investir na melhoria são muito mais interessantes economicamente falando do que postura de que não faz por causa da crise”, argumentou Fátima.

Mais uma vez, o evento serviu de oportunidade para os participantes dialogarem entre si e estabelecerem conexões. Os grupos fizeram perguntas para as palestrantes e introduziram desafios para a questão da sustentabilidade, como a resistência cultural de alguns setores contra essa transformação. O Encontros com Tecnologia mais uma vez cumpriu seu objetivo de difundir conhecimento e estimular o networking profissional de engenheiros e profissionais de diversos campos profissionais.

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