Conservação do solo como estratégia para minimizar os impactos da crise hídrica

A crise hídrica não passa apenas pela falta de planejamento na armazenagem da água e de soluções sustentáveis do uso desse recurso. Há, de fato, uma grave seca em várias regiões brasileiras, sendo capaz de gerar um colapso para a população e para a economia. A conjuntura é apontada por pesquisadores e cientistas como consequência da emissão de gases, desmatamento, queimadas e pela não preservação do solo, que geram efeitos climáticos extremos como o de agora.

Quando se pensa na crise hídrica e suas soluções, a questão da conservação do solo nem sempre recebe a atenção que deveria. Para que se tenha uma água de qualidade é necessária a conservação dos lençóis freáticos. Dessa forma, além de planejamento, é preciso repensar o uso da terra no Brasil.

Atentas ao tema, na semana em que se comemora o Dia Nacional da Conservação de Solo (15 de abril), a Divisão de Atividades Técnicas (DAT) e as Divisões Técnicas de Recursos Naturais Renováveis (DRNR) e de Engenharia do Ambiente (DEA), do Clube de Engenharia, promoveram a palestra “Conservação do Solo como Estratégia para Minimizar os Impactos da Crise Hídrica”.

Apresentada pelo chefe da Divisão Técnica de Recursos Naturais Renováveis, José Leonel Rocha Lima, a palestra contou com a presença de conselheiros, associados e interessados no tema. Ibá dos Santos Silva, chefe da Divisão de Engenharia do Ambiente, ressaltou a importância que o Brasil tem no cenário mundial e a necessidade da troca de estudos e experiências entre os países amigos, na descoberta de soluções sustentáveis.

Enfático, o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Solos, o palestrante da noite, Aluísio Granato de Andrade, deu início ao tema, registrando que muito se falou dessa questão da crise hídrica, da preservação dos reservatórios, da recuperação das áreas de preservação permanente, que são importantíssimas, mas, na minha opinião, pouco se falou na questão da conservação do solo. Que é indissociável da conservação da água”.

Quanto melhor a conservação do solo, melhor será a infiltração da água. No entanto, a maioria das bacias hidrográficas no Brasil, principalmente as que estão no meio rural, está sob pastagem. “Se analisarmos o ciclo hidrológico de maneira geral, quando temos uma cobertura vegetal, a água vai bater primeiro, no guarda-chuva verde, que são plantas, até atingir uma camada mais orgânica e atravessar o solo, que, se bem conservado, vai abastecer o lençol freático”, explica Andrade.

De acordo com o pesquisador, o que se observa na maioria dos casos, é a falta de cobertura vegetal nativa, substituída na maior parte das vezes para o uso de pastagens, que, inclusive, durante muitas décadas foi estimulada pelo governo. Esta interferência, aliada a práticas inadequadas, como as queimadas, aração morro abaixo, impossibilitam que o fluxo d’água penetre de maneira adequada no solo. Algumas vezes escoando em alta velocidade e arrastando toneladas de solo que vão parar nas calhas dos rios.

Durante a palestra, o pesquisador relacionou a crise hídrica com a degradação da Mata Atlântica, que hoje é 7,5% do bioma original no ano de 1500, com a ocupação urbana e industrial que também vêm modificando o ciclo hidrológico e o ciclo de carbono.

Andrade lembrou, ainda, que registros históricos dão conta de outras crises como esta no Brasil e fez algumas indicações de recuperação de áreas degradadas e da necessidade de políticas públicas que estimulem o agricultor a conservar o solo.

 

Receba nossos informes!

Cadastre seu e-mail para receber nossos informes eletrônicos.

O Clube de Engenharia não envia mensagens não solicitadas.
Pular para o conteúdo