Petrobras gripada, Brasil tuberculoso 

Artigo de Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, 
publicado na Carta Capital de abril de 2015

Cortar em 10% o programa de investimento da estatal provocaria uma
forte retração na economia do País

Gregos e troianos concordam que prejudicar os investimentos da Petrobras atinge negativamente o PIB brasileiro. Contrair em 10% o programa da estatal provocaria uma retração significativa no crescimento da economia. Procrastinar a entrada em operação de plantas em construção é incorrer em perdas dinâmicas. Por exemplo, adiar a construção e a integração dos módulos das plataformas P75 e P77, no estaleiro em Rio Grande, no Rio Grande do Sul, atrasa a produção, no campo de Búzios, de novos 300 mil barris/dia. Atrasar Abreu e Lima, em Pernambuco, mantém o Brasil importador de óleo diesel. Cortar, reduzir e adiar a Comperj, no Rio de Janeiro, tem elevados custos financeiros e implica ampliar o consumo de derivados de petróleo importados.

É angustiante que, em vez de discutir a necessidade de preservar o dinamismo dos investimentos da Petrobras, seja praticado o discurso de "encolher para se recuperar". O Conselho de Administração da estatal autorizou a alienação de ativos em torno de 13,7 bilhões de dólares. Convém analisar os itens do pacote, a saber:

Refinarias no exterior - Se a sua aquisição foi considerada estratégica, o brasileiro deve saber qual foi a justificativa e por que agora não o é.

Redução de atividades das subsidiárias no restante do mundo -  Recentemente, foram vendidas explorações na Argentina por 101 milhões de dólares. Com a Shell se fundindo ao British Group, qual é a lógica da redução da Petrobras na África e na América Latina? As duas gigantescas petroleiras anglo-holandesas explicam que desejam, com o aumento de escala, preferir a produção e exploração de petróleo, em vez do duvidoso horizonte do gás de xisto. Na atual confusão, a Petrobras passou a extrair petróleo na Colômbia. Vai vender os poços?

Venda de ativos de gás e energia - participação em distribuidoras termoelétricas e gasodutos _ Desmembrar é reduzir a soberania operacional da Petrobras, aumentando sua vulnerabilidade ao diminuir seu poder no sistema energético brasileiro.

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Marcos legais para acordos de leniência

Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, 
presidente da Firjan, publicado no jornal O Globo, em 20/04/2015

É hora de uma discussão ampla sobre as medidas que podem ser adotadas para minimizar os efeitos que a Operação Lava-Jato poderá acarretar sobre investimentos e empregos.

As investigações resultaram, até o momento, na suspensão formal da contratação pela Petrobras de 25 empresas no Brasil. De acordo com pesquisa realizada pela Firjan, no universo destas 25 empresas, há 13 construtoras responsáveis por 109 obras de infraestrutura, duas gigantescas unidades de refino, duas plantas de fertilizantes e 31 contratações de embarcações junto a 18 estaleiros ameaçados de paralisação. São 144 empreendimentos no total. Somados, eles representam cerca de R$ 420 bilhões em investimentos.

O risco de que novas empresas passem a constar da relação de investigados tem provocado a interrupção de pagamentos pela Petrobras a quem nem sequer está citado nas investigações. Toda a cadeia de fornecedores foi atingida, em especial os estaleiros. São empregos de brasileiros que nada têm a ver com atos ilícitos praticados por seus superiores.

Um estudo recente elaborado pela FGV e pelo CEDES estimou que, sob o impacto da Lava-Jato, 1 milhão de empregos serão perdidos. O PIB poderá encolher cerca de R$ 87 bilhões em 2015. A paralisia econômica terá como contrapartida a queda expressiva na arrecadação de tributos e contribuições sociais justamente quando se discute a melhoria das contas públicas. De acordo com o estudo, serão cerca de R$ 5,7 bilhões a menos nos cofres de União, estados e municípios neste ano. As dificuldades para o sistema financeiro nacional, em especial diante do nível de endividamento de alguns grandes grupos, também não podem ser desprezadas.

Aos olhos da opinião pública, sempre parecerá contraditório o discurso de que é preciso salvar empresas envolvidas em denúncias de corrupção. Mas é esse o ponto. Isso precisa ser dito com coragem e sem hipocrisia. Uma coisa é punir dirigentes ou executivos corruptores. Outra bem diferente é permitir que empresas quebrem e arrastem com elas os empregos de milhões de brasileiros. O que está em questão é evitar a paralisia do Brasil. É o Brasil que não pode quebrar.

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