"O Brasil é uma potência regional, com influência no Atlântico Sul e na África. As decisões brasileiras no tabuleiro mundial não podem ser tecnocráticas e sim políticas. O país tem tudo para ser um novo Canadá, só que melhor". Essa afirmação é do economista José Luiz Fiori, professor de Economia Política Internacional do Instituto de Economia da UFRJ, durante a palestra "As transformações e tendências do sistema mundial e a perspectiva estratégica brasileira", no último dia, no Clube de Engenharia.

Para Fiori, não há outra saída dentro do jogo, a não ser o Brasil ter como aliado estratégico os Estados Unidos. "Não que não tenha que ter suas divergências, mas a luta tem que ser no estilo oriental, aproveitando a força do inimigo", disse o economista, enfatizando que os Estados Unidos continuarão dando as cartas no mundo até, pelo menos, 2030. Mas Fiori destaca que no caso brasileiro, como potência regional, o país não pode e nem deve ficar dependente de exportação de commodities. "O Brasil tem que ter um projeto político maior", acrescenta.

Segundo Fiori, o jogo já está jogado. "Teremos quatro ou cinco potências mundiais dominando 1/3 do planeta e metade da população mundial. À frente, Estados Unidos e China". Para ele, parece haver um aumento da indeterminação de saídas. Mas o momento é político, de decisão, de estratégia, como na década de 30. É como se houvesse uma crise no grupo central de países do sistema, "provocando desordem".

Mas ele afirma que já foram dadas as condições de ultrapassagem desse quadro. "Estamos agora apenas na fase de ajustes. Já sabemos quem são os novos protagonistas. As eleições em vários países, as mudanças de governo, a postura de Israel vão demarcar e manipular o poder nos próximos oito ou dez anos. E acrescenta: "Como reorganizar a Europa. Hoje, a decomposição da Europa passa por eventual acordo entre Alemanha e Rússia. Vai aceitar-se a supremacia alemã na Europa ? Como fica o euro e a União Européia? No Oriente Médio e Extremo Oriente, qual será o papel do Irã? Tem solução sem negociações com o Irã?

De acordo com Fiori, os Estados Unidos em 80 anos contruiu seu poder naval e estabeleceu sua supremacia mundial. "É um sistema. E como todo sistema, não morre. Pelo contrário, está em expansão, exponencial. É um império que faz intervenções onde quiser, mesmo acupunturais".

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