Antônio Dias Leite Júnior é o Eminente Engenheiro de 2015

 

O ministro Antônio Dias Leite Júnior recebeu na tarde do dia 10 de dezembro, a maior comenda do Clube de Engenharia: a medalha Paulo de Frontin. Escolhido como o Eminente Engenheiro de 2015, o também economista e político possui, aos 95 anos, uma história de vida pública dedicada ao desenvolvimento soberano do país. Dias Leite foi ministro de Minas e Energia (1969 e 1974), presidente da Vale do Rio Doce, além de secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Criador da CPRM, foi responsável pela contratação do único estudo de matriz energética do Brasil, utilizado até hoje, além do mapeamento geológico do país, em especial da Amazônia.

Em 1941, o estudante de engenharia entrou no antigo prédio do Clube para convidar o então presidente Sampaio Corrêa para ser paraninfo de sua turma na Escola Nacional de Engenharia. Desde então, percorreu um longo caminho que o consolidou como figura relevante para o desenvolvimento nacional, principalmente no setor de minas e energia. Durante a solenidade de entrega da medalha, o presidente Pedro Celestino lembrou momentos importantes da carreira de Dias Leite. “Em sua longa trajetória profissional e de vida, o ministro deixou um legado de homem público, um patrimônio que serve de exemplo para todos nós. Foi testemunha e partícipe da transição da economia brasileira de um modelo agrário exportador para um modelo capitalista industrial, quando saímos de um país essencialmente agrícola, cuja economia concentrava-se apenas em Rio e São Paulo, para uma economia articulada, consistente, que não é mais uma economia de dois ou três focos. O professor Dias Leite participou como formulador dessa construção”, destacou o presidente.

Segundo Celestino, pautado pelo compromisso com o desenvolvimento, o ministro, em 1964, desmascarou o caráter recessivo do Plano de Ação Econômica do Governo, da dupla Campos e Bulhões. “Essa crítica ao PAEG possibilitou a aglutinação de forças políticas e econômicas e viabilizou a mudança de governo e a queda da visão de Castelo Branco, que era de uma economia dependente e subordinada unicamente aos interesses dos Estados Unidos”. Feito ministro em momento delicado da política nacional, durante os mais escuros anos da ditadura militar, Dias Leite, deu atenção sistemática ao mapeamento dos recursos minerais do país. Na área de energia elétrica, conduziu o entendimento que levou ao Tratado de Itaipú e contratou o inventário dos recursos hídricos da Bacia do Tocantins Araguaia, dando origem a Tucuruí. “Bastava isso para caracterizar seu extraordinário empenho, como homem público, para contribuir com o desenvolvimento do país. É por conta dessa trajetória, dessa história rica em realizações que são do interesse de toda a sociedade que o Clube o homenageia como Eminente Engenheiro”, finalizou Pedro Celestino.

Reagir. Vencer a desesperança

Em seu discurso, Dias Leite lembrou as conquistas da engenharia nacional, desde o início do ensino da engenharia no Brasil, com a fundação da Academia Real Militar em 1810, passando por marcos como a construção da Estrada de Ferro D. Pedro II, em 1855; a formação de quadros técnicos nacionais pelas empresas Light & Power e American and Foreign Power; a revolução de 1930, o crescente pensamento nacionalista e os debates sobre o petróleo, resultando no monopólio e na fundação da Petrobras em 1953.  

O Eminente Engenheiro de 2015 também falou do panorama atual da engenharia e da política nacional. Entre outros pontos, destacou “a regulamentação exorbitante e por vezes contraditória das atividades privadas, criando ambiente opaco desfavorável a qualquer iniciativa da engenharia nacional, inclusive a de acompanhar a inovação tecnológica que evolui no mundo com grande rapidez e na qual perdemos terreno”. 

Sobre a crise política e econômica, Dias Leite propõe reação que vença a desesperança. “Não obstante meus 95 anos arrisco-me a conclamar os jovens hoje presentes no Clube para que se mobilizem e se unam aos de outras instituições representativas da sociedade para exercer pressão continuada sobre os poderes públicos no sentido que sejam criadas condições para uma retomada do crescimento, algo indispensável para que se alcance melhor qualidade de vida. Já foi possível na década de 70, quando o crescimento médio do PIB era superior a 7% ao ano. Nada impede que volte”, finalizou.

Além de Dias Leite, o Eminente Engenheiro do Ano, e do presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, compuseram a mesa da solenidade Sebastião Soares, vice-presidente do Clube de Engenharia; Roberto Guimarães Boclin, presidente do Conselho Estadual de Educação do estado do Rio de Janeiro; Luiz Edmundo Costa Leite, secretário de Planejamento, Habitação e Urbanismo do município de Caxias; Bruno Barreto, chefe de gabinete da Presidência da Eletrobras; Arciley Alves Pinheiro, ex-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ). Também estiveram presentes representantes da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC), Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança (SOBES) e Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE).  

 

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