A sociedade civil é culpada porque não exigiu as mudanças!

O  jornal O Globo publicou na página de Opinião desta quinta-feira, 3 de março, artigo de Francis Bogossian, ex-presidente do Clube de Engenharia, no qual convoca o país para se unir e enfrentar o que chama de “uma crise de proporções catastróficas”.

Na linha de promover mudanças “além dos interesses político- partidários e pessoais”, Francis entende que “todos somos culpados”pelo atual cenário. “Os políticos, a oposição e o governo não se empenharam como deviam, pensando primeiro em se manter no poder e, por último, no bem do país. A sociedade civil é culpada porque não exigiu as mudanças!” afirma.

Leia, a seguir, o artigo de Francis Bogossian na íntegra 

 

A culpa de cada um

 FRANCIS BOGOSSIAN*

O Brasil está atravessando uma crise de proporções catastróficas, após ter retomado o desenvolvimento no início deste século. O país levou décadas para se reerguer depois da grave recessão dos anos 80 e, quando acreditava que seria a estrela dos países emergentes, voltou a submergir. No período de bonança, desperdiçamos os ganhos e não atacamos os reais motivos que impedem nosso crescimento. As reformas administrativa, política, trabalhista, fiscal e da Previdência Social não saem do papel desde o fim da ditadura.

É nos momentos de crise que temos de somar forças: políticos e sociedade civil precisam se unir agora e promover uma mudança radical no país além dos interesses político- partidários e pessoais. Pensar no Brasil e não ficar “cada um no seu quadrado”. Todos somos culpados do que está acontecendo. Os políticos, a oposição e o governo não se empenharam como deviam, pensando primeiro em se manter no poder e, por último, no bem do país. A sociedade civil é culpada porque não exigiu as mudanças!

No setor privado, as exigências legais empurram cada dia mais trabalhadores para a informalidade, e os mais qualificados se transformam em pessoas jurídicas para manter ou não perder empregos. Atualmente, mais de 40% da população economicamente ativa estão na informalidade. Se as regras fossem mais flexíveis e menos onerosas para as empresas, o número de trabalhadores formais seria bem maior.

Os sistemas tributário e trabalhista são de tal ordem intrincados no Brasil que encarecem sobremaneira os produtos e serviços produzidos no país. Isso faz sentido? Precisamos aproveitar este momento, reduzir a quantidade de impostos e facilitar a arrecadação.

O número de municípios no Brasil triplicou a partir da década de 1990. Todos recebem uma parcela do Fundo de Participação dos Municípios. Grande parte não tem arrecadação própria, mas tem prefeito e vereadores remunerados com recursos que deveriam ser destinados à educação, saúde, infraestrutura e segurança. Isso faz sentido? “Dinheiro que entra fácil também sai fácil”, diz o ditado popular.

O país cresceu, e o nível de escolaridade da população melhorou muito. Os meios de comunicação e a internet levam informação a todos. O Brasil é um país de empreendedores. Se os governos, em vez de tentarem proteger uns e outros, criassem facilidades para que se possa trabalhar e ganhar dinheiro, o país poderia seguir a trilha do crescimento sustentável.

O Brasil é um país democrático, e as instituições funcionam. Facilitar a vida dos cidadãos e puni-los quando desrespeitarem as leis é muito mais sensato do que criar milhões de leis, que não se consegue cumprir, para as quais existem um milhão de interpretações e só contribuem para criar “jeitinhos” que não beneficiam nem o poder público, nem a população.

É hora de mudar. Governo e partidos políticos precisam trabalhar juntos para que o país volte a crescer. Acabar com as benesses e investir em produtividade são o único caminho possível.

 

Francis Bogossian é presidente do Conselho Consultivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro.

 

 

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