Usinas hidrelétricas reversíveis sazonais, alternativa de descentralização do potencial energético

O jovem engenheiro Julian Hunt, pesquisador da COPPE/UFRJ, onde cursa pós-doutorado, promoveu, a convite da Divisão Técnica de Energia - DEN, em 9 de março, a palestra sobre Usinas Hidrelétricas Reversíveis Sazonais e seus benefícios para o sistema elétrico brasileiro.
Usinas hidrelétricas reversíveis sazonais, ou apenas UHRS, armazenam energia em um ciclo de um ano através de um sistema de turbo-bomba, armazenando energia durante o período úmido e gerando durante o período seco. Podem, ainda, funcionar em simbiose com usinas hidrelétricas em cascata a jusante, já instaladas e em operação, reduzindo o vertimento nelas.
A tecnologia de usinas hidrelétricas reversíveis convencionais é novidade no Brasil e apenas o Chile possui usina neste modelo na América Latina, que pode representar uma alternativa para o Brasil em tempos de mudanças climáticas e dificuldade de prever futuras disponibilidades hídricas e variações na demanda de energia que afligem o setor elétrico nacional.
Durante seu doutorado na Universidade de Oxford na Inglaterra, Julian Hunt produziu o conceito de usinas hidrelétricas reversíveis sazonais e em seu pós-doutorado na COPPE desenvolveu 13 projetos de UHRS para diversas bacias hidrográficas do Brasil onde já existem usinas convencionais em operação, e apresentou cada uma delas em sua palestra, com especificidades técnicas, geográficas e ambientais.
Segundo o engenheiro, este modelo de usina pode apresentar um ganho energético para o sistema por diminuir o vertimento nas usinas em cascata a jusante, apesar da perda de energia de 25% na UHRS. "Bombeia-se com o excedente de energia no sistema, durante o período úmido, de alta disponibilidade hídrica. A ideia é gerar quando tem escassez e guardar para quando for tempo de desperdício. As usinas reversíveis estão aparecendo de novo de forma importante como possibilidade de armazenamento de fonte intermitente como a eólica e solar. Em 2024 a participação da geração hidráulica vai diminuir e aumentar a participação das fontes eólica e solar", afirmou.
A utilização de UHRS pode constituir uma alternativa estratégica de descentralização do potencial de armazenamento energético do Brasil, já que o armazenamento no Brasil, de acordo com o engenheiro, concentra-se 70% nas cabeceiras dos Rios Grande, Paranaíba, São Francisco e Tocantins, deixando o setor elétrico vulnerável. Caso não chova nessa região, as UHRS podem armazenar energia com a chuva em outras regiões, aumentando a segurança energética do país. Segundo os cálculos de Hunt, investir nas UHRS seria o equivalente a construir reservatórios para as usinas a fio d'água da região norte do país, em termos de ganhos para o sistema elétrico.
Quando questionado pelo público qual dos projetos apresentados seria o mais oportuno ou urgente, Hunt afirmou que seria o da Bacia do Rio Uruguai, "para diminuir o vertimento. Na bacia do Iguaçu também. Os rios da região sul, onde temos muita chuva, vertem muito". Hunt informou que a tecnologia será apresentada no final de 2016, durante workshop de P&D Estratégico em Armazenamento Energético da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel.
Confira a palestra na íntegra.

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