Brasil exportará urânio enriquecido para Argentina

 

Do Jornal GGN + Agência Brasil, em 03 de julho de 1016

Jornal GGN - O Brasil exportará urânio enriquecido para a Argentina alimentar um reator nuclear na cidade de Lima. O acordo firmado prevê a venda inicial de quatro toneladas de pó de dióxido de urânio produzida pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) num contrato de US$ 4,5 milhões. 
 
Será a primeira vez que, oficialmente, o Brasil exportará urânio enriquecido. Apesar do acordo ter sido assinado em junho a entrega começará a ser feita apenas no final deste ano, pois o produto precisará passar pela autorização da Coordenação-Geral de Bens Sensíveis do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, do qual a INB está vinculada, e também da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). 
 
O Brasil é um dos poucos países no mundo que tem tecnologia para o enriquecimento de urânio, ao todo são 12 nações no mundo inteiro, incluindo França, Irã e Estados Unidos. A tecnologia utilizada pela usina da INB, localizada em Resende (RJ) é totalmente nacional, desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nuclear do Cnen. O contrato com a Argentina não envolve a concessão da tecnologia brasileira, mas há um outro acordo envolvendo os dois países no desenvolvimento do Reator Multipropósito Brasileiro. Brasil e Argentina possuem acordos na área nuclear desde a década de 1960.   
 
 
Brasil exportará urânio enriquecido pela primeira vez 
 
A empresa brasileira Indústrias Nucleares do Brasil (INB) exportará urânio enriquecido pela primeira vez. A empresa, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, firmou acordo com a empresa estatal argentina Combustibles Nucleares Argentinos (Conuar), que prevê o envio de quatro toneladas de pó de dióxido de urânio para a carga inicial de abastecimento de um reator nuclear localizado na cidade de Lima, ao norte de Buenos Aires. O contrato, no valor de US$ 4,5 milhões, foi assinado em junho.
 
Enriquecido na fábrica da INB em Resende (RJ), o produto ainda precisa de autorização da Coordenação-Geral de Bens Sensíveis do ministério e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para completar o processo de exportação, o que deve ocorrer até o fim deste ano. As 4 toneladas serão divididas em três lotes, com teores de enriquecimento de 1,9%, 2,6% e 3,1%.
 
Além do Brasil, o urânio é enriquecido por outros 11 países. A tecnologia usada na unidade da INB em Resende é a de ultracentrifugação para enriquecimento isotópico, desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, autarquia gerida administrativa e tecnicamente pela Cnen.
 
Segundo o ministério, a exportação não afeta o abastecimento de combustível das centrais nucleares de Angra dos Reis (RJ). Atualmente, a Usina de Enriquecimento tem seis cascatas de ultracentrífugas em operação e atende a cerca de 40% das necessidades de Angra 1.
 
O acordo com a Argentina não envolve intercâmbio de conhecimento, uma vez que prevê a entrega de um produto pronto, mas abre essa perspectiva. A empresa estatal argentina Invap participa do desenvolvimento do Reator Multipropósito Brasileiro, e os programas nucleares dos dois países são contemporâneos, iniciados na década de 1960.
 
Criada em 1988, a INB atua na cadeia produtiva do urânio, da mineração à fabricação do combustível que gera energia elétrica nas usinas nucleares. A empresa pública tem sede no Rio de Janeiro e também está presente nos estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais e São Paulo.
 
O urânio é um mineral com propriedades físicas de emitir partículas radioativas, a radioatividade. Sua principal aplicação comercial é na geração de energia elétrica, como combustível para os reatores nucleares de potência.
 
Segundo a INB, o Brasil tem a sétima maior reserva geológica de urânio do mundo, o que permite o suprimento das necessidades domésticas no longo prazo e uma possível disponibilização do excedente para exportação. As reservas estão concentradas nos estados da Bahia, do Ceará, Paraná e de Minas Gerais, com cerca de 309 mil toneladas de concentrado de urânio.
 
A única mina de urânio em operação no Brasil está em Caetité (BA) e tem capacidade de produzir 400 toneladas de concentrado de urânio por ano. Em 2013, a produção mundial de urânio concentrado foi 70.330 toneladas.
 

Edição Talita Cavalcante

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