Neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis ganha prêmio do IEEE

Da Brasileiros / Jornal GGN
Carla Matsu

Prêmio reconhece cientistas do mundo todo por avanços
na área da ciência, engenharia e tecnologia.

O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis foi laureado com o prêmio Daniel E. Noble Award 2017, na categoria “Tecnologias Emergentes”. O prêmio é promovido pelo Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) e reconhece cientistas do mundo todo por contribuições em mais de 30 diferentes campos de pesquisa.

Nicolelis, professor do departamento de Neurobiologia e codiretor do Centro de Neuroengenharia da Duke University e líder do projeto internacional Andar de Novo, foi destacado pelo IEEE devido às suas pesquisas em interfaces cérebro-máquina. O programa do IEEE homenageia profissionais ilustres na área da ciência, tecnologia e engenharia há mais de 50 anos.

Segundo a organização do prêmio, entre os critérios usados para selecionar os vencedores estão avanços em tecnologias recentemente descobertas, tecnologias reconhecidas, originalidade e impacto da pesquisa.

Outro brasileiro já foi reconhecido pelo prêmio, na mesma categoria Tecnologias Emergentes. Em 2006, Carlos Paz de Araújo, professor de engenharia da computação na University of Colorado, foi reconhecido por suas contribuições e comercialização no campo de chips de memória ferroelétrica.

Andar de Novo

Internacionalmente conhecido pelo seu trabalho e pesquisa em neurociência, Miguel Nicolelis chamou atenção do mundo por sua série de investigações em torno do cérebro. Suas pesquisas somam mais de três décadas. Ele já conseguiu comprovar, por exemplo, a transferência de atividades cerebrais entre dois roedores que estavam a milhares de quilômetros de distância um do outro e conseguiu fazer um macaco controlar uma mão virtual só com a força do pensamento.

Com o Projeto Andar de Novo, Nicolelis e um consórcio internacional de cientistas desenvolveram uma interface cérebro-máquina que visa devolver o movimento para pacientes com lesão na medula espinhal. O exoesqueleto BRA-Santos Dumont, resultado de anos de pesquisa e desenvolvimento, protagonizou o chute inicial da Copa do Mundo de 2014, quando Juliano Pinto deu o pontapé na abertura do mundial na Arena Corinthians, em São Paulo.

“Acho que o Projeto Andar de Novo criou um paradigma, colocou de vez a capacidade da ciência brasileira no mundo científico internacional. Não é o único projeto que fez isso, mas ele claramente trouxe uma visibilidade muito grande e está tendo resultados que estão abrindo uma nova área na neuroengenharia, então acho que tem tudo para se perenizar e replicar”, ressaltou Nicolelis em entrevista ao site Brasileiros na ocasião do lançamento do seu livro “Made in Macaíba”.

O livro, lançado pela Editora Planeta, inaugura uma coleção de outros três títulos que sairá pela mesma editora e que compõe a “Biblioteca Miguel Nicolelis”. No primeiro volume, Nicolelis narra a trajetória de 13 anos do Instituto de Neurociências Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), localizado na periferia de Natal.

O instituto conta com uma escola de educação científica, um centro de saúde voltado para a saúde da mulher, um centro de pesquisas e o Campus do Cérebro, que está em construção.

O Projeto Andar de Novo segue em nova etapa, recrutando novos pacientes e com resultados que, segundo Nicolelis, surpreenderam toda uma equipe de cientistas.

“Hoje nós estamos com quase 80% dos nossos pacientes mostrando recuperação de funções motoras, sensoriais e viscerais abaixo do nível da lesão, o que é um achado espetacular. Então, estamos com vários trabalhos submetidos, é um processo longo a revisão cientifica, um negócio que dura cerca de um ano e meio. Mas a hora que esses trabalhos começarem a sair, vamos poder comentar abertamente a magnitude dos resultados clínicos”.

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