Estruturas mistas podem ser o futuro da construção civil no Brasil

Nos tempos da construção de Brasília, estabeleceu-se no Brasil, na construção civil, o uso do concreto armado. A fundação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) não foi o suficiente para se criar uma demanda pelo uso do aço na construção, de modo que o Brasil ficou “para trás” no uso das estruturas metálicas e mistas, que somente agora começam a se estabelecer no país. Quem contou essa história e apresentou as vantagens das estruturas mistas de aço e concreto foi Marcos Alberto Ferreira da Silva, engenheiro civil, mestre em construção civil e especialista em Engenharia de Estruturas, em palestra no Clube de Engenharia no dia 22 de setembro. O evento foi uma realização do Instituto Brasileiro de Educação Continuada (INBEC), promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) e a Divisão Técnica de Estruturas (DES), com apoio da Universidade Paulista (UNIP Pós Graduação), Clube de Engenharia e Centro Brasileiro de Construção em Aço (CBCA).

A resistência ao calor foi a motivação do surgimento das estruturas mistas, nos Estados Unidos. Quando o país utilizava muito a estrutura metálica, os incêndios eram uma preocupação, de modo que se adicionou concreto à metodologia. O resultado foi uma estrutura mais rígida e resistente. As soluções de aço e concreto são oferecidas em formas pré-fabricadas, as quais, Marcos Ferreira acredita, estão numa perspectiva próxima de serem adotadas mais frequentemente no Brasil: “Com certeza, o pré-fabricado de concreto e a estrutura metálica são o futuro da construção no país”.

União entre elementos garante resistência
Marcos Ferreira apresentou como se dá o sistema misto de aço e concreto, em quais estruturas podem ser utilizadas e como acontece o comportamento misto. Segundo ele, cada obra tem suas necessidades e possibilidades, de modo que nem sempre a estrutura mista pode ser o sistema estrutural ideal. Por isso é importante que se analise os prós e contras de cada sistema e os requisitos da obra. As estruturas metálicas, por exemplo, são mais caras, mas diminuem o prazo da conclusão do empreendimento.

Conforme Ferreira expôs, a estrutura mista acontece quando aço e concreto trabalham conjuntamente, interagindo e apresentando um comportamento misto. É diferente do sistema híbrido, quando os elementos estão juntos, mas apenas justapostos, como quando um pilar de concreto armado se junta a uma cobertura de aço. No Brasil, as três formas de estruturas mistas mais utilizadas, e regulamentadas pela NBR 8800, são as vigas mistas, lajes mistas e pilares mistos. Também existem as treliças e pisos, mas não são regulamentados. Cada estrutura apresenta determinadas vantagens em seu uso. A viga mista, por exemplo, por ser mais resistente, pode ter menor altura do que as vigas de concreto armado, o que significa uma vantagem no sentido de poder haver mais pavimentos na obra. "Cada 5 ou 10 centímetros que consigamos reduzir na altura das vigas é um benefício enorme", afirmou o professor. Já a laje mista pode servir como plataforma de trabalho, e o formato das formas de aço, leves e de fácil manuseio, facilita a fixação de forros. Um dos tipos mais utilizados é o steeldeck, uma laje composta por uma telha de aço galvanizado e uma camada de concreto, já amplamente implementado em escolas, hospitais, hotéis, etc. E os pilares mistos, que podem ser revestidos de aço e preenchidos de concreto ou vice-versa, ou serem parcialmente revestidos, têm a vantagem de estar mais protegidos das mudanças de temperatura.

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