Capacitação Nacional em tecnologia de ponta  

A Nuclep foi criada ainda nos anos 70 com o objetivo de fabricar componentes pesados para usinas nucleares, tais como vasos de pressão do reator, geradores de vapor, pressurizadores e outros, para atender ao Programa Nuclear Brasileiro, idealizado na época.

Com a paralisação desse programa, a empresa entrou em um período de estagnação. Houve diversas pressões para que ela fosse privatizada e seus equipamentos vendidos.

A resistência para que não se perdesse a capacitação adquirida promoveu uma busca pela diversificação de suas atividades, principalmente as voltadas à indústria naval, que apesar de relevantes, como as plataformas de petróleo, não promoviam o aproveitamento adequado do seu potencial.

Hoje, vemos a Nuclep voltar a ter um papel relevante na indústria nacional de equipamentos pesados de alta tecnologia.

A fabricação dos novos geradores de vapor a serem instalados na Usina Nuclear de Angra 1, finalizada com absoluto sucesso, é com certeza um marco na engenharia nacional.Apenas como referência, cada Gerador de Vapor fabricado pesa 343 toneladas e mede 21 metros de comprimento por 4,5 metros de diâmetro. O casco de cada GV foi confeccionado em aço de baixa liga tipo Manganês-Molibidênio-Niquel, e sua parte inferior revestida em aço inoxidável e inconel. Na parte interna, foram soldados 5428 tubos em U de liga de níquel inconel 690.

Nesse fornecimento, a Nuclep foi responsável pela fabricação, cabendo à multinacional Areva a engenharia e assistência técnica. Para que esse empreendimento fosse levado a cabo, foram necessários investimentos em treinamentos, qualificações e processos produtivos que proporcionaram a atualização técnica da Nuclep, capacitando-a para novas demandas, inclusive para o mercado externo.

É importante ressaltar o esforço e a sinergia dos diversos atores envolvidos nesse empreendimento (Eletrobras, Eletronuclear, Nuclep e Areva), com uma equação de difícil resolução prática, assim como os incentivadores dessa estratégia (Secretaria de Estado de Energia, da Indústria Naval e do Petróleo – Seinpe, Associações, Sindicatos e o próprio Clube de Engenharia), a qual se mostrou correta no sentido do desenvolvimento e da preservação da capacitação tecnológica da indústria nuclear brasileira.

Nesse momento, com a perspectiva de crescimento na economia, a política industrial brasileira enfoca, com prioridade, a área energética, com incentivo à produção local e ênfase na fonte nuclear. Percebe-se isso através das metas relacionadas à recuperação e modernização do parque industrial, com ênfase na revitalização da Nuclep, capacitando-a para o fornecimento de equipamentos para novas usinas nucleares.

Atualmente, o mercado mundial de reatores se encontra em franca expansão. Existem, no momento, mais de 50 projetos de novas usinas nucleares previstos para estarem implementados dentro dos próximos dez anos.
Motivada por parcerias e contatos com fornecedores internacionais, a Nuclep pode se tornar um fornecedor relevante no setor, com a fabricação de componentes pesados, principalmente para a chamada "ilha nuclear", para o mercado global.

Apesar de todo o esforço e os custos envolvidos, a falta de continuidade do programa nuclear brasileiro ocasionou um envelhecimento e uma perda de profissionais qualificados, sem a necessária transferência do conhecimento adquirido. Dessa forma, entendemos que o mais importante investimento deve ser voltado para o planejamento e renovação de quadros, tarefa a ser desenvolvida junto às universidades e centros de pesquisa para essa qualificação.

A Diretoria

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