O desenvolvimento do País depende fundamentalmente de infra-estrutura para sustentá-lo, e o suprimento de energia é fator preponderante nesse processo, considerando principalmente que a demanda de energia elétrica cresce em níveis superiores ao do Produto Interno Bruto (PIB). 

A própria Vale do Rio Doce, através de seu presidente, Roger Agnelli, informou que não pretende realizar novos investimentos se não perceber assegurado o fornecimento de energia a partir de 2012 ou 2013.

Um cenário marcado pela oferta insuficiente de energia restringiria a trajetória de crescimento, tão importante para a melhoria de condições sociais da nossa população.
É claro que, para a definição da matriz energética, os diversos fatores econômicos, políticos, ambientais, técnicos e de localização devem ser considerados e integrados de forma estratégica.

A fonte hídrica é e deverá continuar sendo por muito tempo a principal componente dessa matriz. O país ainda conta com potencial hídrico a ser explorado e não podemos abrir mão disso. Porém, o esgotamento desse potencial a médio prazo também tem que ser considerado, o que implica na necessidade de complementação. As fontes alternativas são importantes, porém se aplicam na solução de problemas locais e de pequena necessidade de energia. Devemos aproveitar os recursos disponíveis para a geração com diversificação. Isto significa que nenhuma fonte de geração pode ser desprezada. A energia nuclear se apresenta como uma forte componente nesse planejamento.

Durante muito tempo a energia nuclear foi envolta em uma atmosfera negativa, principalmente devido à sua utilização bélica, porém esse preconceito vem sendo vencido através dos anos.
Atualmente, vários ambientalistas e cientistas, entre eles Patrick Moore, um dos fundadores do GreenPeace, além de James Lovelock, criador da Teoria de Gaia, defendem hoje a energia nucleoelétrica como uma das alternativas para a redução dos gases causadores do efeito estufa, atenuando o aquecimento global.

A retomada do empreendimento da Usina Nuclear de Angra 3 tem sido analisada e estudada em seus vários aspectos técnicos incluindo custo, tarifa, segurança, impacto ambiental, infra-estrutura e financiamento. O Brasil possui a sexta maior reserva de urânio do mundo com somente 1/3 do seu território prospectado, além de dominar a tecnologia do ciclo combustível, condição privilegiada que pouquíssimos países do mundo possuem. As resistências que se apresentam são mais ideológicas e políticas.

A conclusão dessa usina é importante para atender a demanda a partir de 2013, conforme previsto pela Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), além de garantir a auto-suficiência das empresas do setor (INB, Nuclep e Eletronuclear), permitindo a utilização dos seus potenciais industriais e de seus quadros técnicos altamente especializados.
Já foram realizados gastos no desenvolvimento de projetos e na compra de parcela considerável dos equipamentos importados, no licenciamento ambiental e na infra-estrutura do canteiro. Cerca de 2/3 dos recursos a serem investidos serão gastos no país, gerando pedidos à indústria de base e contratos para construção civil e montagem. É um empreendimento intensivo em mão de obra que prevê contratação de cerca de 7 mil empregos diretos e 15 mil indiretos. Além disso, a postergação dessa definição pode significar o desperdício de anos e recursos investidos na capacitação dos nossos técnicos, treinados no exterior e de reconhecimento internacional. Para permitir a transferência e consolidação desse conhecimento é preciso garantir a continuidade dessa atividade.

As análises que envolvem todos esses aspectos são complexas e as decisões difíceis. Para isso, além de uma massa crítica de conhecimento, são necessários políticos de visão ampla que vislumbrem o futuro do país. No setor elétrico, com a criação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), apresenta-se uma proposta de planejamento desconectado de interesses momentâneos, criando-se o ambiente necessário para a implantação de uma política que perpasse governos, uma política de Estado.

O projeto da usina de Angra 3 tem sido constantemente debatido em vários setores da sociedade científica, empresarial e política. Vários estudos foram realizados e todas essas discussões demonstram a maturidade desse processo. 
Em nações democráticas, além do planejamento, dos estadistas e do ambiente de conhecimento, são necessárias transparência e informação à população, que deve ser esclarecida e incentivada a participar do processo.

O Clube de Engenharia, no seu papel de analista autônomo das necessidades para o desenvolvimento nacional sustentável, e com o apoio de diversas entidades como ACRJ, AEERJ, FIRJAN e sindicatos afins, está promovendo em conjunto com a Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN) uma reunião pública para debate e esclarecimento da sociedade e comunidades interessadas sobre o empreendimento Angra 3.

A Diretoria

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