Encerram-se hoje os debates com candidatos à prefeitura sobre mobilidade urbana no Clube

Clube de Engenharia recebeu Marcelo Freixo e Aspásia Camargo, ciclo termina hoje, com a presença de Otávio Leite 

Entre os dias 19 e 25 de junho o Clube de Engenharia abriu as portas para encontros com os candidatos à prefeitura da cidade nas eleições de 2012. O objetivo é dialogar diretamente com os candidatos e, ao mesmo tempo, discutir temas técnicos que impactam o cotidiano de todos. Na última quinta-feira (19), Fernando Leite Siqueira, candidato à prefeitura pelo PPL foi recebido para um debate franco sobre as melhorias necessárias no sistema de transportes públicos na cidade do Rio de Janeiro.

 

Aposta nos trilhos

O vice-presidente do Clube de Engenharia e da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, abriu o ciclo de debates sobre mobilidade urbana no dia 19 de julho. Candidato pelo Partido Pátria Livre (PPL), Siqueira falou daquele que, para ele, é um dos problemas mais críticos da cidade. “Segundo levantamento recente da USP em 180 cidades do mundo, o Rio tem uma distribuição de ruas e prédios que está entre as seis piores do mundo”, destacou.

Os BRTs foram apontados como a insistência em um modal rodoviário já estrangulado em detrimento do transporte sobre trilhos, que precisa de investimentos. “A Supervia tem um ramal que vai até Santa Cruz até a Central passando por toda a zona oeste. Há linhas de ônibus que fazem exatamente o mesmo trajeto, mas com muitas desvantagens, como o calor, maior poluição e total desconforto. Melhorar as condições dos trens e diminuir o tempo entre composições ajudaria muito e as soluções apresentadas não estão à altura das necessidades do Rio de Janeiro”.

No que diz respeito ao metrô, Siqueira tem uma proposta ousada: a municipalização para viabilizar as ampliações necessárias. “Precisamos aumentar os ramais das linhas. O metrô é a solução para a cidade”, explicou.O Maglev Cobra, projeto da COPPE de trem de flutuação magnética está nos planos do candidato para ligar o Galeão ao Santos Drumond e ambos à Cinelândia. “A tecnologia é brasileira, a construção pode ser 100% nacional e é extremamente eficiente. Poderia ser, inclusive, uma alternativa viável à derrubada da Perimetral, uma via importante que pode ser transformada em um corredor coletivo de transporte de massa”, explica.

 

Proposta verde

A deputada Aspásia Camargo, candidata à prefeitura do Rio pelo PV, esteve em debate na segunda-feira, dia 23, e afirmou a grande relevância do Fórum de Mobilidade Urbana. Para ela, saber que este movimento existe é muito positivo. “Saber que existe um movimento em defesa da mobilidade urbana que faz sugestões para o legislativo abre a possibilidade de diálogo sobre um tema que é marginal nas campanhas políticas”, ressaltou.

Aspásia acredita que essa mobilização da sociedade tem a ver com uma mudança na análise sobre os transportes. Se antes era dito que as pessoas estavam preocupadas com saúde, segurança, hoje os transportes estão na ordem do dia. “Não se tinha referência de que o problema era tão grave. Houve uma politização positiva nesse assunto e esse é, a meu ver, o caminho para a solução do problema”, explicou. A candidata também frisou a necessidade de redução do tempo de locomoção.

Sobre o metrô, a deputada foi enfática. Segundo Aspásia, em 1928, há 89 anos, constatamos que precisávamos de uma linha de metrô. Em Nova Iorque, o metrô foi construído no final do século XIX e toda a construção levou 4 anos. Toda a rede cobriu a cidade. O mesmo aconteceu com Paris. A rede básica estava lá quando a cidade era muito menor que o Rio de Janeiro. “O prefeito diz que tem dinheiro em caixa, mas que construir metro é caro. O Rio é a cidade que tem mais dinheiro para investimento, mas a situação continua assim. Essa é uma responsabilidade do estado, não do município, mas a prefeitura de São Paulo, por exemplo, está investindo pesado em Metrô”, protestou.

Aspásia Camargo também falou sobre a priorização do transporte individual na cidade. “O sistema de transporte é modal. E os modais têm uma hierarquia, sendo trem, metrô, ou equivalente - transporte de massa – em primeiro lugar. Em segundo, os intermediários - BRTs, ônibus etc. Hoje temos o inverso disso”, arrematou.

Como membro do Partido Verde, a candidata ressaltou sua preocupação com o meio ambiente: Eu sou verde, e gosto de bicicleta. Deveríamos dar melhor uso às ciclovias. Dar uma atenção especial interbairros próximos. Aspásia finalizou lembrando a força de um movimento social como o Fórum de Mobilidade Urbana. Segundo ela, Um movimento operante e forte tende a ajudar com soluções para a cidade.

 

Dedo na ferida

“Hoje o transporte é um dos principais problemas do Rio, embora tenhamos muitos outros problemas”, declarou o deputado estadual (PSOL) e atual candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo. Enfatizando a importância do debate para o Rio de Janeiro, Freixo ressaltou o papel do Clube de Engenharia e do Fórum de Mobilidade Urbana nas formulações de propostas para o transporte público da cidade. “Agradeço pela iniciativa e pelo convite, espero que todos os candidatos também participem deste debate”, destacou.

O debate, promovido pela divisão técnica de Transporte e Logística (DTRL) do Clube de Engenharia e pela Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro (FAM-Rio), aconteceu terça-feira(24/07) na sede do Clube de Engenharia. O encontro contou com a presença de diretores da entidade e foi aberto ao público. O vice-presidente do Clube, Manoel Lapa, falou sobre as contribuições que o Clube de Engenharia tem oferecido em relação aos transportes. “Somos uma casa técnica, de profissionais da área de tecnologia. Não poderíamos deixar de debater esse assunto, que está presente em diversos materiais produzidos pelo Clube. Gostaria de agradecer a presença do vereador Eliomar Coelho, engenheiro e antigo companheiro da casa”, disse.

Marcelo Freixo lembrou que é de extrema necessidade integrar o projeto de transportes ao projeto de cidade em si. “Todo o projeto de transporte deve estar integrado ao planejamento urbano, não podemos perder essa dimensão e precisamos debater isso com a população”, afirmou. O candidato também falou sobre os grandes problemas enfrentados pela população que passa, em média, três horas por dia em transporte público. “As pessoas passam horas dentro dos transportes de péssima qualidade e isso é inaceitável para uma cidade que recebe tantos investimentos como o Rio de Janeiro, mas que não tem planejamento para garantir a dignidade da população”, protestou.

A participação popular, para Freixo, é uma questão crucial para garantir que os interesses públicos sejam priorizados. O candidato falou sobre a antiga e permanente bandeira do Fórum de Mobilidade Urbana: o projeto real da linha 4 do metrô. Segundo Marcelo Freixo, o curso da linha 4 foi modificado para que o governo não precisasse abrir uma nova licitação. “A linha 4 virou o prolongamento da linha 1. Com isso, a mesma concessionária poderá continuar operando sem impedimentos”, explicou. Ele destacou também a necessidade de debater com a população sobre as principais necessidades de cada área. “Os BRSs, por exemplo, alteraram o número de pontos de ônibus em Copacabana, bairro com alto número de idosos, e isso com certeza prejudicou os moradores, então, por que não debater antes de fazer?”, questionou.

Após a fala do candidato a mesa recebeu perguntas da plateia. As perguntas foram de Barcas, ônibus e metrôs até o uso de bicicletas.

O Clube de Engenharia recebe hoje o candidato Otávio Leite (PSDB) para debater o mesmo assunto. O evento acontecerá às 18h, no 22º andar, e também será transmitido pela WebTV.

 

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