Foi realizada no dia 14 de abril, na igreja São Paulo Apóstolo, em Copacabana, a missa de 35 anos de falecimento de Zuzu Angel. A merecida homenagem contou com a presença da diretoria do Clube de Engenharia, sócios, amigos e cidadãos brasileiros. Na mesma tarde, foi exibido no auditório do 22º andar do Clube o filme Zuzu Angel, do diretor Sergio Rezende. 

Zuzu Angel começou sua carreira em Belo Horizonte como costureira e estilista, criando moda com uma linguagem muito pessoal. Buscava tanto o mercado da elite, como também queria vestir a mulher comum. Nos anos 70, quando abriu sua loja em Ipanema, encantou e conquistou o mundo. O anjo era o seu logotipo. 

Sua maior luta pessoal, porém, começou com o seqüestro político de seu filho Stuart Angel Jones, estudante de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ativista do Movimento Revolucionário 8 de Outubro - MR-8, Stuart desapareceu depois de ter sido preso em 14 de junho de 1971 por agentes do CISA (Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica). Zuzu saiu em busca do filho nas prisões e nos quartéis. 

Stuart foi barbaramente torturado e assassinado e Zuzu Angel foi incansável nas denúncias da morte e ocultação do cadáver de Stuart, tanto no Brasil como no exterior. Em vários de seus desfiles denunciou os fatos para a imprensa, entregando pessoalmente uma carta a Henry Kissinger, na época Secretário de Estado do Governo norte-americano. Utilizou sua fama e prestígio para envolver, a favor da sua causa, inúmeros clientes e amigos importantes: Joan Crawford, Kim Novak, Veruska, Liza Minelli, Jean Shrimpton, Margot Fonteyn e Ted Kennedy, entre outros. 

Usando a moda como forma de protesto fez - como ela mesma dizia - "a primeira coleção de moda política da história", usando ao lado dos anjos, as figuras de crucifixos, tanques de guerra, pássaros engaiolados, sol atrás das grades e jipes. 

Em 14 de abril de 1976, às 3 horas, na Estrada da Gávea, à saída do Túnel Dois Irmãos (RJ), Zuzu morreu, vítima de um acidente automobilístico. Apenas 22 anos de sua morte, após investigação empreendida pelo Ministério da Justiça, com perícias e depoimentos de testemunhas oculares, os fatos foram esclarecidos, ficando provado o assassinato de Zuzu Angel por agentes da ditadura militar. 

Uma semana antes do acidente, Zuzu deixara na casa de Chico Buarque, um documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse. "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho", dizia. Sua força e coragem inspiraram ao compositor, em parceria com Miltinho do MPB4, a música "Angélica", cuja letra pergunta "quem é essa mulher?" 

Zuzu Angel foi sepultada pela família, em 15 de abril de 1976, no Cemitério São João Batista, Rio de Janeiro. Uma de suas duas filhas, a jornalista Hildegard Angel, foi a idealizadora do Instituto Zuzu Angel de Moda do Rio de Janeiro, uma entidade civil sem fins lucrativos, fundado em outubro de 1993. 

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