Fórum de Mobilidade Urbana debate PEU da Ilha do Governador

Em evento promovido pela Divisão Técnica de Transporte e Logística, o Fórum de Mobilidade Urbana se reuniu na sede do Clube de Engenharia na sexta-feira (21) para debater o Projeto de Estruturação Urbana - PEU da Ilha do Governador, sob a coordenação do ambientalista, ativista e membro do fórum, Sergio Ricardo. Protagonistas de um acalorado debate abordando os impactos relacionados à moradia e mobilidade, integraram a mesa: o representante do Governo do Estado, Newton Leão Duarte, coordenador do Plano Diretor de Transporte Urbano - PDTU, da Secretaria de Estado de Transportes, responsável pela execução do projeto, o arquiteto e urbanista Canagé Vilhena e o representante da pró-reitoria de planejamento da UFRJ, Roberto Gambini, 

Morador da região, Sergio Ricardo esclareceu que a Ilha do Governador é do tamanho de uma cidade média do Brasil, com 200 a 300 mil moradores, de acordo com censo do IBGE de 2010. “Um projeto como este requer estudos prévios de impacto de vizinhança e impacto viário. A previsão é de 10 andares na Ilha do Fundão. Avalie o impacto viário de 20.000 carros na Ilha do Governador! O projeto, como está, vai adensar a região e contribuir para a poluição da Baía de Guanabara", questionou. Ricardo ressaltou, ainda, a preservação do patrimônio material e imaterial da Ilha do Governador, "temos na Ribeira um casario antigo, histórico, locais como a Peixaria do Martinho, no polo gastronômico.  Hoje a estação naquela área é um lugar inseguro", e destacou a importância das barcas para a mobilidade urbana com a reativação da estação de barcas da Ribeira, reivindicação dos moradores.

Já o arquiteto Canagé Vilhena, morador da baixada de Jacarepaguá, entende que modelos como o PEU carecem de integração com a totalidade da cidade. "Apesar de usarmos o termo arquitetura e urbanismo, desde Pereira Passos até hoje não se fez planejamento para toda a cidade. Ao contrário, o que temos são projetos locais. Os projetos da Urca e do Grajaú foram bons, mas tivemos outros que não trouxeram nenhuma contribuição pra melhoria da qualidade de vida urbana". 

A UFRJ não foi ouvida neste processo, segundo Roberto Gambini, representante da pró-reitoria de planejamento da instituição. “Se o município aprovar o PEU da Ilha do Governador como está, vai entrar em conflito com a universidade e com os moradores. Estamos à disposição para que o projeto seja encaminhado ao nosso Conselho Universitário, para que a Comissão Permanente de Desenvolvimento faça a avaliação. Estamos interessados em construir bairros onde pobres e ricos convivam. Precisamos parar de criar soluções para as cidades brasileiras de forma segmentada", afirmou.

Apesar de reconhecer que não conhecia em profundidade todos os problemas, Newton Duarte, coordenador do PDTU afirmou estar "sensibilizado".  Duarte coordena uma atualização do plano diretor, com uma dimensão metropolitana. Compete às prefeituras trazerem as soluções locais e o ideal é que estas soluções dialoguem entre si. Para Duarte, "vivemos hoje um apagão de planejamento no país". Falando em soluções de médio e longo prazo afirmou que o PDTU estuda "as tendências de uso e ocupação do solo para soluções entre 5 e 15 anos". 

Estiveram presentes ao debate representantes da Associação dos Moradores de Santa Teresa e da Associação dos Geólogos do Estado do Rio de Janeiro.

 

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