Barragens: diagnóstico exige tempo e estudos técnicos

O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019, precedida do rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana (MG), em 2015, teve repercussão internacional. Prejuízos de consequências incalculáveis para a população e para o país, do ponto de vista humano, ambiental, econômico e ético continuam a ser identificados, e a gravidade do cenário exige mais que consternação, solidariedade e indignação.

O Clube de engenharia, ciente de sua imensa responsabilidade na área das engenharias, com histórica participação de longo tempo nos debates que tratam da segurança de barragens, reconhece que é preciso ir além.

Entre as muitas iniciativas encaminhadas, convidou-se para uma reunião geral conselheiros do Clube e do CREA-RJ com a participação aberta a entidades representativas da área, entre elas a Academia Nacional de Engenharia (ANE), a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS) e o Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), dentre outras, além dos que, voluntariamente, vêm somando seus conhecimentos às discussões em andamento.

Desde o primeiro momento ficou evidente que os posicionamentos deveriam se afastar de avaliações pessoais, de relatos divulgados na imprensa e acusações a entidades, públicas ou privadas, na busca de identificar possíveis responsáveis, talvez com o objetivo de apenas emitir opinião. No tratamento de enfermidades, médicos solicitam exames antigos e novos para obter um histórico da doença antes de diagnósticos precisos. Sem elementos técnicos não há chance de uma conclusão com credibilidade que permita, de fato, fazer avançar o debate. Para isso são necessários dados geológicos, geotécnicos e hidrológicos, entre outras informações, considerando inclusive que o Brasil tem barragens muito antigas, algumas provavelmente sem estudos, sem projetos e sem controle de execução e auscultação.

Fundado no tempo do império, o Clube de engenharia se notabilizou por sua postura cuidadosa e criteriosa nas manifestações públicas e pela capacidade de reunir profissionais especializados na análise de dados. São estudos que devem gerar propostas executáveis e respaldadas em bases reais. Para isso, os pré-requisitos e critérios necessários são: tempo, grupo multidisciplinar, e uma entidade que congregue os integrantes da comissão. a perspectiva é uma ação que contribua para a implementação de soluções de forma a eliminar do cenário nacional a brutalidade de fatos que vêm se repetindo sem um diagnóstico que gere ações eficazes do Poder Público, Federal, Estadual e Municipal, e que tranquilize a sociedade brasileira.

Em processo de sistematização de elementos técnicos, ficamos à disposição do Ministério de Minas e Energia. A ação foi acatada pelo Ministro Bento Albuquerque, que enviou representantes da Secretaria de Geologia e Mineração para participar de reunião com as Academias Nacional de Engenharia (ANE) e Brasileira de Ciência (ABC), quando o Clube de Engenharia teve oportunidade de formular sua posição. De maneira responsável e consistente, ações conjuntas vão sendo estruturadas para que, em especial o Poder Público e as empresas mineradoras, ao invés de mitigar riscos, atuem de forma a prevenir e a virar esse triste capítulo de nossa história, com catástrofes lamentavelmente registradas como tragédias surpreendentes.

A Diretoria

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