Descaso causou a morte de mais de 230 pessoas em boate em Santa Maria

 Um emocionado silêncio deu início à reunião do Conselho Diretor do Clube de Engenharia do dia 28 de janeiro. Por um minuto, a homenagem proposta pelo presidente Francis Bogossian lembrou os mais de 230 brasileiros que faleceram na madrugada de 27 de janeiro, no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, na Serra Gaúcha. Para Francis Bogossian, há um grande risco no Brasil relacionado a esse tipo de local. “O projeto do local não é exceção e é de responsabilidade não só da empresa que construiu, mas também do dono e dos que deveriam fiscalizar”, frisou.

No dia seguinte à tragédia, o diretor do Clube de Engenharia e vice-presidente do CREA-RJ, Jaques Sherique, em entrevista à rádio CBN, falou sobre a falta de fiscalização. “A informação que temos é a de que havia uma porta a mais para a saída das pessoas, mas ela estava trancada, o que contraria a lógica de segurança. A porta de emergência foi fechada também por falha da segurança que impediu as pessoas de saírem, argumentando que elas não haviam pagado a conta. O principal transtorno foi esse, pois além das portas fechadas, haviam obstáculos para a saída do local”, explicou Sherique. Para ouvir a entrevista completa, clique aqui.

O engenheiro também esclareceu que a saída de emergência poderia ter salvado vidas se estivesse aberta. Além disso, alguns outros aspectos técnicos não favoreceram a segurança em caso de incêndios. Um deles é o problema do alvará vencido, que retira do poder público a responsabilidade sobre o caso.

Para o Conselheiro José Carlos Lacerda, é preciso afirmar o caráter não natural da tragédia. “Ela poderia ter sido prevenida se fossem adotados os mínimos procedimentos de segurança. Uma única porta, sem saída de emergência para 1500 pessoas acumuladas no local, é um absurdo. Quase um forno crematório. Precisamos nos solidarizar com as vítimas e famílias, isso não pode ser recorrente. Não é o primeiro incêndio grave que o Brasil presencia”, lamentou Lacerda.

O Conselheiro Leizer Lerner destacou a importância do posicionamento do Clube de Engenharia diante de uma tragédia como essas. “O Clube precisa mostrar que a engenharia está atenta e preparada para evitar esse tipo de fato. O resto cabe aos políticos. A engenharia está sempre envolvida, ainda que não tenha responsabilidade direta. Como pode um local que reúne cerca de 1500 pessoas ter apenas uma saída?”, protestou Leizer.

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