Livro traz a história e o estado da arte da Geologia do Brasil

Mais que um livro, Geologia do Brasil é um documento sobre o estado atual do conhecimento geológico do território nacional, organizado por Celso Dal Ré Carneiro, Fernando Flávio Marques de Almeida, Yociteru Hasui e Andréa Bartorelli, que resumem na introdução: “O livro é uma síntese de modelos e informações atualizadas da Geologia do Brasil, gerados por seus principais estudiosos, com exemplos brasileiros de uma série de conceitos de Geologia básica, organizados sob perspectiva temporal, que se estende desde os tempos primitivos, até o passado antigo e a conformação moderna da paisagem”.

Celso Dal Ré Carneiro é docente do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp e conta um pouco da história da geologia no Brasil, que em sua opinião se desenvolve de modo oscilante. “Há épocas de grande investimento e outras em que ele reflui. Tivemos uma Comissão Nacional Geográfica e Geológica criada apenas na virada para o século 20 e que deu origem ao Serviço Geológico do Brasil. Já o serviço dos Estados Unidos existe desde 1839, fundado para acompanhar a expansão da massa de colonizadores para o oeste americano – o governo, necessitando atestar se havia recursos nas terras que distribuía, foi pressionado a investir na geologia”.

Carneiro afirma que os cursos de geologia também demoraram a surgir no país, o que ocorreu a partir da criação da Petrobras, com uma campanha visando à formação de geólogos para a busca de petróleo. “Monteiro Lobato descreveu fatos como a vinda de americanos para nos convencer de que o Brasil nunca encontraria petróleo e que não adiantava o investimento. Mas o governo persistiu e, em 1956/57, surgiram os seis primeiros cursos. Os anos 70 foram ricos, com grande avanço na área. Depois da década perdida de 80, por causa do retrocesso econômico, a geologia voltou a crescer por força das universidades, órgãos de pesquisa e empresas, e agora por força do pré-sal”.

Periodicamente, segundo o docente do IG, é produzida uma obra de referência procurando sintetizar o conhecimento geológico do nosso território, acompanhando a publicação da carta geológica do país. “A última carta foi produzida em 2000 pela CPRM [Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, que guarda as atribuições do Serviço Geológico do Brasil]. São 46 DVDs com todos os mapas do território, unidades que precisam ser descritas para mostrar algo como o estado da arte da geologia. Antes, foram publicados dois livros sobre  Geologia do Brasil: o primeiro cobrindo o período Pré-Cambriano, que vai da origem da Terra até 542 milhões de anos atrás, e o outro sobre o período Fanerozóico, que é das bacias sedimentares. Ambos são de 1984 e estão esgotados – e ultrapassados”.

Segundo Celso Carneiro, a ideia de produzir um novo volume de Geologia do Brasil surgiu a partir de outro título que ajudou a organizar, Geologia do continente sul-americano – Evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida, lançado em 2004. “O professor Fernando Almeida foi homenageado pela Unicamp com o título de Doutor Honoris Causa em 1991, sendo de longe o maior geólogo brasileiro. Está com 95 anos de idade e atuante. Trabalho com ele desde que me formei na USP, primeiro como seu assistente e depois no IPT [Instituto de Pesquisas Tecnológicas] por 18 anos”.

O professor da Unicamp lembra que vários especialistas se dispuseram prontamente a contribuir, sendo que os capítulos do livro estão prontos desde 2008. “Ocorre que o livro não é comercial e dependemos de patrocínio. Como na obra sobre o professor Almeida, recorremos novamente à Petrobras, que, no entanto, deu a entender que queria a inclusão de geologia básica, com temas como do aquecimento global. Levamos o ano de 2010 para definir que ficaríamos com este livro, que será lançado no Congresso Brasileiro de Geologia do próximo ano, e depois produziríamos um segundo título”.

Celso Carneiro editou por oito anos a Revista Brasileira de Geociências – outra criação de Fernando Almeida e até hoje a mais importante publicação do país na área – e agora está à frente de uma revista da Unicamp, a Terrae Didática. Respaldado por esta experiência na edição, o professor assegura que o conteúdo de Geografia do Brasil não será em ‘geologuês’, facilitando a compreensão por pessoas pouco familiarizadas com as especialidades das ciências da terra. “Temos a obrigação de divulgar a geologia. É um trabalho que não conta para o Currículo Lattes, mas igualmente importante”.

Fonte: Unicamp

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