Sócios aspirantes do Clube de Engenharia desenvolvem projeto que debate espaço público e promove mudanças na Ilha do Governador

Do site Conexão UFRJ

O dia a dia de quem vive a cidade é constantemente interrompido pelas dificuldades de um espaço urbano mal planejado. Infraestruturas abandonadas, estradas perigosas, praias descuidadas influenciam na segurança e na qualidade de vida da população. Moradores da Ilha do Governador e testemunhas dessas falhas estruturais, um grupo de estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro vem trabalhando com a comunidade a fim de melhorar o bairro para insulanos e visitantes.

Francisco Victer, Severino Virgínio e Yan Monteiro, alunos da Escola Politécnica, perceberam que muito do que aprendiam em sala de aula poderia ser aplicado na solução dos problemas que enfrentavam diariamente nas ruas do Rio de Janeiro. Assim nasceu o Engenhando a Cidade, projeto que une os saberes da Academia e da comunidade para promover melhorias a toda a população.

“O projeto surgiu no ano passado, na época em que entramos na UFRJ, e percebemos que muito do que estávamos aprendendo poderia ser utilizado no mundo afora. Como moramos na Ilha do Governador, já foi nela que começamos identificando alguns problemas grandes que poderiam ser resolvidos com intervenções simples”, conta Victer. Entre os pontos problemáticos apontados pelo trio, estão o Parque Marcello de Ipanema e a Estrada do Galeão.

No primeiro, o poder público realiza periodicamente intervenções, mas, por falta de planejamento e acompanhamento, o parque segue continuamente com problemas de infraestrutura, conservação e segurança. Já na Estrada do Galeão, uma das principais vias do bairro, uma pista de aceleração curta já causou inúmeros acidentes de trânsito. Monteiro, inclusive, relata já ter sido vítima de pequenos incidentes no local.

“Esses problemas podem ser solucionados com pouco gasto público, e sem dúvida alguma teriam consequências muito positivas”, relata Victer, afirmando que a Secretaria Municipal tem se mantido aberta ao diálogo para a melhoria do espaço.

Em parceria com a comunidade

Um dos trabalhos desenvolvidos pela equipe foi a manutenção do espaço da Praia da Rosa. Em contato com a Associação de Mulheres da Ilha do Governador, o projeto conheceu demandas do local que necessitava de revitalização.

A comunidade foi uma das primeiras a ser contemplada no programa Favela-Bairro, mas depois passou a receber pouca ou nenhuma intervenção de manutenção ou melhoria dos equipamentos. Foram identificados diversos problemas, como bancos de praça destruídos, quadra com o alambrado enferrujado e sem as balizas. “Para mim o mais chocante foi que a passarela entre Sapucaia e Praia da Rosa, que é cortada por um canal, estava sem proteção lateral, aumentando o risco de queda nessa passagem importante para os moradores dessas comunidades”, lembra Monteiro.

Outro ponto importante nas melhorias para a comunidade foi a limpeza de um canal que estava assoreado devido à falta de saneamento básico.Foi feita a retirada do lixo já nas primeiras intervenções.

“Esse projeto é o que mais me orgulha por saber que vai dar retorno à classe de pessoas que tem mais peso para a contribuição de impostos que permitem que eu possa ter acesso a ensino de qualidade de forma gratuita. É uma comunidade que há muito não tinha intervenção alguma do Estado para conservar, reparar ou até mesmo implantar equipamentos urbanos. Hoje, essas intervenções têm sido feitas e o projeto que elaboramos serviu de diretriz para as mudanças”, explica Monteiro, que visitou a comunidade junto com a vice-presidente da Associação de Mulheres e a equipe da Secretaria Estadual de Obras para apontar os problemas e sugerir maneiras de maximizar o retorno de respostas para a localidade.

A pandemia e o futuro da iniciativa

Ainda não oficializado como projeto de extensão da UFRJ, o Engenhando a Cidade vem recebendo apoio de professores, estudantes e membros da comunidade acadêmica. Os estudantes planejavam formalizar a iniciativa no início de 2020, mas a pandemia da COVID-19 e a transição das aulas presenciais para as virtuais dificultaram o processo e o prosseguimento de novos projetos, que antes eram mais contínuos.

Segundo Virgínio, o trio no momento busca auxílio para a revitalização da Praia da Guanabara e o aumento de sua faixa de areia. “O local é um ponto histórico do bairro, que tem lendas e histórias de resistência muito bonitas. A Ilha do Governador abrigava muitas tribos indígenas, que batizam diversos bairros na região.”

A proposta busca aumentar a faixa de areia para 25 metros, utilizando areia da dragagem da própria Baía de Guanabara, seguindo modelos de proteção já aplicados na cidade. Além disso, as melhorias incluiriam a troca da iluminação por lâmpadas de LED para tornar o ambiente mais seguro à prática de esportes e ao lazer.

Saiba mais informações e como ajudar no site do Engenhando a Cidade.

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