Por Flávio Coutinho
Engenheiro aposentado da CEDAE

Para resolver o problema das geosminas, a CEDAE lança um projeto que consiste basicamente em barrar as lagoas poluídas e, através de um lançamento por debaixo do rio Guandu, transportar toda a poluição para depois das comportas principais, preservando desta forma a entrada da estação de águas.

Os problemas que o Clube de Engenharia observa nesta proposta são os seguintes:

1 – Barragem
Aquela região é de baixada, que como o próprio nome diz, está sujeita a inundações. Uma barragem, mesmo que seja bem calculada, apresenta sempre um perigo de ocasionar enchentes a montante.

 

2 - Travessia subaquática
O rio naquele local da travessia apresenta uma profundidade de até 8,9 m ( 11,9 - 3,0 )! O método construtivo de ensecadeiras não será uma tarefa fácil. No ponto mais baixo da tubulação a cota é de 5,00, dois metros acima do leito do rio na cota 3,0. Como será o apoio: por estacas, berço? Não está determinado. Se for por berço teremos uma barragem submersa de 2 m de altura. As correntezas naquele local são muito fortes, ocasionando grandes esforços na tubulação. Para se ter uma ideia, a vazão aduzida pela ETA é de 43 m3/s e, no sentido ortogonal, passando por cima das comportas, outros 60 m3/s médios. Neste trecho o tubo no alto, sem estar enterrado, sofrerá grandes esforços. A obra não pode interferir com a ETA, que não pode parar. As probabilidades são altas de haver paralisações e, consequentemente, aumento de custos.

Travessia subaquática.

3 - Entupimento
Embora as velocidades de operação sejam altas haverá risco de assoreamento quando o sistema estiver parado por algum motivo como, por exemplo, o fechamento de comporta, e a areia e a lama se depositarem na parte mais baixa da tubulação, que forma uma espécie de colo.

 

4 - Grades
Esses equipamentos pelo local e condições de projeto serão de difícil operação e manutenção.

Uma alternativa que o Clube de Engenharia propõe é que esta travessia do rio em vez de ser por baixo, seja feita por cima, por sifão, conforme mostram as figuras A e B. A vazão dos rios da Baixada é de um pouco menos de 4 m3/s, de acordo com o RIMA. Os dois sifões diâmetros de 1500 mm , espessura 3/8", na distância de 484 m com um desnível de cota entre a lagoa e o rio, depois da comporta de 2,5 m, fig.C, seria capaz de transportar uma vazão de 12 m3/s, muito acima da necessária. A finalidade, é que desta forma não precisamos de barragem , porque 8 m3/s a mais estariam vindo do próprio rio Guandu impedindo que a poluição dos 4 m3/s atinjam o rio conforme mostra a fig. B.

Figura A

 

Figura B

 

Figura C

A travessia em arco do rio teria uma flecha de 4,5 m e a escorva da tubulação seria feita no ponto alto desta curva através de uma bomba de vácuo. A escorva poderia ser feita também de maneira mais trabalhosa, bombeando água do próprio rio para dentro da tubulação.
Seria, em linhas gerais, uma obra mais simples, barata, e de execução mais rápida.

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