Por Vicente Loureiro. Arquiteto e urbanista, doutorando em urbanismo na Universidade de Lisboa e autor do Livro Prosa Urbana, com fotos de Vicente Rodrigues e José Luís Teixeira

Duvido que alguma música sertaneja, novela, atleta olímpico, escândalo ou qualquer celebridade tenha chamado mais atenção do que eles. Até mesmo a política andou tentando, mas o que se viu foi mais do mesmo. Muita espuma e pouco chopp. Barulho demais para entrega de menos. Quem roubou mesmo a cena neste final de inverno e prenúncio de primavera foram eles: os ipês. Graças a uma estupenda floração.

O inverno rigoroso e muito seco deve ter contribuído, segundo especialistas, para o desabrochar de tanta beleza em 4 cores. Para aquém do horizonte, ainda é possível perceber a presença destacada deles nos últimos dias, principalmente dos amarelos, cujas flores costumam aparecer por agora anunciando a chegada da primavera.
Indiferente às excessivas polarizações dos tempos atuais, os ipês, com alguma soberba, viralizaram. Suas flores puxaram conversas e comentários por todos os lados e redes, sem precisar de impulsionadores. Beleza dispensa fake news. Existe para encantar. E, no caso, transformar-se em ponto de convergência entre nós. Que não seja o único. Espera-se.

Decretada oficialmente árvore símbolo do Brasil há 60 anos. Endêmica em todas as regiões, essa cultuada espécie, do final de maio ao princípio de outubro, em tons de roxo amarelo, rosa e branco costuma encantar a todos e todas. Tornando-se ornamental por excelência, se fez cada vez mais presente nas calçadas, canteiros centrais das avenidas, nas praças e parques públicos, no jardins e quintais das cidades e capazes ainda de pontuar a paisagem de campos e áreas florestadas, raptando a atenção dos que por eles passam cruzando estradas do interior.

Sua florada é tão pontual que chegam a dizer que suas flores nunca caem na lama, pois só depois de encerrada a floração, chegam as chuvas. Atribuem também aos ipês o dom de colorir, como nenhuma outra, as cidades por quase seis meses. Desde o florir dos roxos entre maio e junho até os rosas de setembro a outubro. Por essas e outras, é a árvore mais plantada no Brasil. Uma espécie de recurso paisagístico de resultado para lá de garantido. Fora, é claro, os exageros de praxe.

Assim, não escolhem lugar para causar. Impossível ficar indiferente a tanta exuberância. Conviver com eles será sempre um alento. E sem trocadilho, um florescer de esperança. Nossos olhos agradecidos haverão de saber reverenciá-los. Viva os encantos e a diversidade dos Ipês. A cara do Brasil desprovido de rancor.

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