Ecossistema de inovação do Rio é tema do Encontros com Tecnologia

Evento buscou soluções para fomentar conexões e estimular o desenvolvimento desse mercado na capital e no estado 

Apesar de concentrar grande número de universidade e centros de pesquisa, o Rio de Janeiro ainda está atrás de outras capitais e estados da federação em termos de inovação, conforme apontam pesquisas sobre o tema. O paradoxo foi explorado durante o último evento do Encontros com Tecnologia, promovido pelo Clube de Engenharia. O sociólogo Guilherme de Oliveira dos Santos encarou o desafio de abordar a questão “Ecossistema de Empreendedorismo e Inovação: Tendências e Oportunidades”, com foco na cidade e no estado, apresentando alternativas para o desenvolvimento tecnológico e econômico regional. 

O palestrante é bacharel em Ciências Sociais (UFRJ), mestre e doutor em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (Instituto de Economia/UFRJ), professor de Sociologia na Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro, Professor de Negociação e Captação de Recursos no Técnico em Empreendedorismo na Escola ORT, Pesquisador do Grupo de Economia da Inovação (GEI/UFRJ) e Assessor da Diretoria de Tecnologia da FAPERJ. Ele estuda o ecossistema de inovação do Rio e tratou de alguns obstáculos para o desenvolvimento dessa área.  

Segundo Santos, a economia fluminense vem sendo ancorada há muitos anos pela cadeia de petróleo e gás, enquanto que a indústria de transformação do estado perdeu espaço para outros estados nas últimas décadas. O setor de serviços, por sua vez, tem baixo valor agregado e alto nível de informalidade.  

Esses aspectos dão à economia regional pouco adensamento produtivo, cadeias produtivas incompletas e desarticuladas. Os problemas de ordem fiscais verificados principalmente na administração pública estadual agravam a situação. 

Por isso, o incentivo à inovação poderia ser um antíndoto para esses problemas e uma âncora para um desenvolvimento econômico sustentado.  Inovação pode garantir diversificação econômica, enfrentando a concentração no petróleo e gás, e trazendo o adensamento produtivo necessário. Por outro lado, o empreendedorismo de base tecnológica pode gerar empregos formais de qualidade e aumentar a arrecadação. 

Ele defendeu uma maior preocupação com o desenvolvimento regional e ressaltou que o fator humano já é bastante favorável, principalmente devido ao alto índice de engenheiros com pós-graduação e até doutorado no estado.  

 “Temos uma vantagem comparativa de oferta de conhecimento altamente qualificado na área de engenharia, mas uma dificuldade em transformar esse conhecimento em bens e serviços e inovação de impacto”, avaliou o palestrante. 

Para ele, falta principalmente capacidade de integração no ecossistema de inovação do estado e a ação indutora do Estado poderia contribuir para mudar esse cenário. A prioridade, segundo ele, seria recuperar a capacidade de planejamento, adotar política de desenvolvimento, voltada para investimentos corretos e incentivos fiscais mais direcionados.  

“Sou defensor do papel do Estado, mas não podemos ter a ilusão de que sozinho ele conseguir fazer tudo. Todo governante do mundo queria ter seu Vale do Silício, mas não é uma experiência que pode ser facilmente transposta”, advertiu Santos. 

Os participantes do encontro virtual se dividiram em grupos e lançaram questões para o palestrante. Foram ressaltados pontos relativos à sustentabilidade e também com relação às inovações sociais. A conselheira vitalícia do Clube Fátima Sobral Fernandes mediou o evento e destacou a contribuição do palestrante para a proposição de alternativas de desenvolvimento para o estado. 

“Esse tema para nós é muito caro. Empreendedorismo de base tecnológica envolve engenharia também. Fazemos esse programa para mostrar a contribuição que a engenharia traz para o desenvolvimento da sociedade”, disse a conselheira. 

 

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