Engenharia ganha qualidade com auxílio de novos conhecimentos

Projeto Humanidades na Engenharia aborda os desafios das mudanças curriculares para cursos atenderem novas diretrizes

As mudanças ocorridas no mundo nas últimas décadas estão tendo forte impacto sobre a Engenharia, exigindo adaptações por parte das instituições de ensino. Para falar sobre a formação desse profissional do século XXI, o Humanidades na Engenharia convidou o professor da Uerj José Carlos Vilar Amigo para uma palestra. Ele abordou o novo contexto vivenciado pelos engenheiros na atualidade e de como as universidades podem contribuir para o preparo de egressos mais aptos a lidar com o exercício da profissão daqui para frente. 

 "Praticando o ensino de Humanidades na Engenharia: uma experiência pedagógica" foi o título dessa palestra. O professor apresentou diversas transformações globais que afetam a atividade, entre elas o advento do conceito de sustentabilidade. Além de precisar avaliar os impactos ambientais, os profissionais têm que atender melhor as demandas os usuários e saber como contribuir para avanços sociais. Por outro lado, a capacidade de empreender, inovar e lidar bem com suas equipes de trabalho, bem como o domínio de habilidades de liderança, são características já bastante necessárias dentro dos ambientes corporativos. Com isso, as instituições de ensino não podem ficar para trás.

Conforme explicou o professor, grande parte dessa transformação teve como pano de fundo a introdução de tecnologias digitais, a automação da indústria e a descentralização produtiva. 

Passamos a ter a certeza de que não adiantava mais olhar a Engenharia apenas pelo aspecto técnico, mas é importante olhar pelo seu aspecto global, como um todo. Então, surgiu a necessidade de uma visão holística. Chegou-se a essa conclusão”, explicou Vilar Amigo.

Com isso, a importância do conhecimento técnico não diminuiu, mas seu domínio e aplicação passaram a estar mais conjugados com outros saberes. Entram em cenas as Ciências Humanas, que eram vistas como dicotômicas com relação às Exatas, mas passam agora a ter um caráter de complementaridade. 

Vilar Amigo, que é autor do livro “Humanidades, ciências sociais e cidadania em Engenharia: uma introdução à Engenharia com um olhar transdisciplinar” (EdUerj), contou na sua apresentação que parte desse processo se deu também por mudanças do próprio campo científico, que passou a lidar mais com a relatividade e até a subjetividade.

Os novos paradigmas valorizam o generalista, a pessoa que consegue ter a visão do todo, sendo capaz de fazer a integração dos conhecimentos”, ressaltou o professor.

Segundo o palestrante, apesar de algumas mudanças já estarem previstas desde o advento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2002 e de terem sido reforçadas pelas novas DCN de 2019, ainda há muito o que avançar por parte das instituições. A última norma chegou a ter seu prazo de implantação adiado por um ano, em virtude da pandemia, mas as universidades precisariam adotá-la até abril do ano que vem.

Chefe da Divisão Técnica de Formação Profissional (DFP) do Clube de Engenharia, José Brant de Campos, participou do debate e destacou que de fato todas as facetas e habilidades apresentadas pelo palestrante são complementares aos conhecimentos técnicos, mas questionou como esse desenvolvimento de capacitações mais complexas ocorre ao longo da carreira dos profissionais. Segundo o palestrante, apesar de haver a necessidade de uma formação acadêmica voltada para essa nova visão holística, não há como substituir a vivência e a contribuição que a experiência profissional de cada um oferece. O público também participou do debate e surgiram perguntas sobre o estímulo à motivação dos estudantes. 

A vice-presidente do Clube e coordenadora do evento, Maria Alice Ibañez Duarte, saudou o palestre e ressaltou a necessidade desse aprimoramento. “Essa formação humanística vem não só para desenvolver aquilo que chamamos de soft skills, como competências comportamentais muito valorizadas no mercado, mas principalmente para exercer a profissão da Engenharia, com capacidade crítica para encaminhar as melhores soluções técnicas que atendam as necessidades da nossa população que tem índices de desigualdade inaceitáveis e, ao lado disso, preservando também o nosso patrimônio ambiental”, destacou Maria Alice.

Assista ao vídeo:

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