Dia do Engenheiro é celebrado com palestra e lançamento de livro

Clube de Engenharia discute soberania sobre recursos naturais e realiza tarde de autógrafos com ex-presidente da entidade Francis Bogossian

Em celebração ao Dia do Engenheiro, o Clube de Engenharia, em parceria com a Academia Nacional de Engenharia (ANE), abriu suas portas na tarde da última segunda-feira (12/12) para a realização de dois eventos que se completaram. Na sede da entidade, o engenheiro civil e professor Paulo Augusto Vivacqua proferiu a palestra "Brasil, Engenharia, Recursos Naturais e Soberania", abordando a importância estratégica do bom aproveitamento dos recursos naturais pelo Brasil. Sócios e convidados também tiveram a oportunidade de participar do lançamento do livro “Geomecânica 50 Anos“, uma homenagem à empresa e a seu fundador, Francis Bogossian, ex-presidente do Clube.

Vivacqua, que é presidente emérito da ANE, mostrou na sua palestra como ao longo da história o domínio sobre os recursos naturais esteve atrelado aos avanços socioeconômicos das nações. A disputa pelo acesso a matérias-primas e fontes de energia começaram inclusive a ter um caráter globalizado a partir da Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra no fim do século XVIII e se espalhou pela Europa Ocidental e chegou aos Estados Unidos no século seguinte.

Vivacqua ressaltou quanto políticas coloniais e neocoloniais foram fundamentais para o crescimento e hegemonia das grandes potências, que assim asseguraram o fornecimento de produtos básicos, em grandes quantidades e a preços baixos, para impulsionar seu crescimento industrial. Os norte-americanos conseguiram conquistar grande parte de sua hegemonia a partir da criação da Doutrina Monroe, instituída em 1823, que procurou estabelecer domínio estadunidense sobre todo o continente americano. Tal linha foi reforçada a partir do advento da doutrina do embaixador George Kennan, que pregava uma política de contenção contra o avanço da então União Soviética, depois da Segunda Guerra Mundial.

Segundo o professor, a ideologia norte-americana acabou provocando em alguns setores brasileiros a convicção de que o Estado não pode exercer o papel de empreendedor, com empresas estatais atuando numa economia de mercado. Quem defende esse papel acaba sendo rotulado de “comunista”. Tal radicalismo levou até mesmo à situação paradoxal, que é venda de empreendimentos do Estado brasileiro para empresas estatais de outros países.

O palestrante alertou, entretanto, que o crescimento da China e sua atual posição no mundo não podem levar a uma submissão brasileira ao país asiático. Não se deve trocar uma dependência por outra.

“É mais do mesmo. A China entra provocando desnacionalização de empresas, atuando na nossa desindustrialização, ocupando o nosso mercado, comprando o Estado, buscando matérias-primas, com ingerências internas, e gerando aqui desemprego, pobreza, corrupção, chantagem econômica e ameaça militar. O Brasil fica oscilando entre Estados Unidos e China”, alertou o palestrante.

O evento contou também com um debate, com a participação do geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor da Petrobras. Ele ressaltou o fato de o Brasil conseguido manter sua soberania e democracia, mesmo com tamanha pressão internacional e defendeu que o novo governo tome uma posição mais nacionalista, bandeira que deveria ser sustentada pelas entidades de Engenharia do país.

Lançamento de ‘Geomecânica 50 Anos’

O Dia do Engenheiro, que oficialmente é comemorado todo dia 11 de dezembro por ser a data do decreto lei que regulamentou a profissão no Brasil, ensejou outro evento no Clube com o objetivo de valorização da atividade. Foi lançado o livro “Geomecânia 50 Anos”, que conta a história da empresa e de seu fundador, o ex-presidente da entidade Francis Bogossian.

Francis, que é casado com a jornalista Hildegard Angel, autografou exemplares do livro e recebeu amigos, familiares, ex-alunos e sócios da entidade, como os ex-presidentes Raymundo de Oliveira e Heloi Moreira, que fizeram questão de cumprimentá-lo. Aos 80 anos, continua profissionalmente ativo e atualmente preside a ANE e o Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP).

“Foi meu pai que me convenceu a não largar a Engenharia quando eu era estudante. Foi uma lição de perseverança. Por isso, quando eu fui presidente do Clube criei o programa Café com o Presidente, em que recebia os estudantes. Eu explicava isso, falandovque teria sido uma burrice se tivesse saído da faculdade. Tenho ensinado a importância de perseverar”, contou Francis.

A perseverança do engenheiro é uma marca que está presente em todas as histórias contadas no livro, organizado e editado por Ana Maria Leite Barbosa. Além de ter fundado a Geomecânica em 1972, Francis se dedicou com afinco ao magistério. Sua atuação como professor tanto na UFRJ quanto na Universidade Veiga de Almeida é contada no livro, que também explica sua paixão pela mecânica dos solos.

A obra conta passagens sobre a trajetória profissional do engenheiro, que depois de adquirir experiência no Brasil, buscou aperfeiçoamento acadêmico no exterior. Francis fez especialização em Mecânica dos Solos, das Rochas e Barragens, na Astef, na França, e estágio de aperfeiçoamento no LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Portugal).

O livro também dá destaque a projetos emblemáticos em que ele atuou como a Ponte Rio-Niterói, nas sondagens para as obras do Metrô do Rio, nos estudos geotécnicos para construção da Rodovia Belém-Brasília, bem como em obras de empresas como da Companhia Siderúrgica da Guanabara (Cosigua) e da Siderúrgica Riograndense.

Uma de suas mais importantes contribuições foi a concepção de um método nacional para investigações geotécnicas em mar aberto, o chamado “Sino de Sondagem”. Essa inovação foi fundamental para avanços realizados pela Petrobras na utilização de plataformas de petróleo em alto mar e significou uma economia de divisas para o país, que não precisou importar esse serviço.

Francis atualmente preside o IBEP, que tem realizado importantes atividades em prol do desenvolvimento nacional com justiça social. Descendente de armênios, o engenheiro sempre foi um defensor da tolerância e do debate democrático, ideias que estão presentes nessa obra.

Para mais informações sobre o livro, acesse o site da Janela Amarela Editora.

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