Resultado do estudo está no livro “Empresas petrolíferas e a fronteira mundial em ciência e tecnologia”
A Petrobras desenvolveu tecnologia que é considerada de ponta na exploração de petróleo e gás em águas profundas e é um exemplo no país de investimento em pesquisa ao longo de sua história. No entanto, num cenário cada vez mais competitivo da indústria petrolífera internacional, reavaliar as estratégias e o peso dado ao trabalho científico pela empresa e por seus fornecedores é um processo inevitável. Contribui para uma análise mais profunda e objetiva dessa política a pesquisa realizada pela FGV Social em parceria com o Cenpes (Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello), que organizou uma base de dados inédita e detalhada sobre os registros de patentes e artigos científicos elaborados pela cadeia produtiva da Petrobras e pela dez maiores petroleiras do mundo nos últimos 20 anos. O resultado desse levantamento foi publicado agora no livro “Empresas petrolíferas e a fronteira mundial em ciência e tecnologia” (Synergia), organizado pelos Fernanda De Negri, João Alberto De Negri e Marcelo Neri.
O estudo sintetizou informações de mais de 130 mil patentes depositadas pelas dez maiores empesas petroleiras nos últimos 20 anos. Com isso, os pesquisadores puderam traçar direções tomadas e quais tecnologias estão efetivamente sendo produzidas por essas empresas e de como tem se movido a fronteira de conhecimentos nesse setor.

Uma análise de cluster com base em métodos de processamento de linguagem natural não indicou, por outro lado, uma mudança nas estratégias tecnológicas das grandes empresas em direção à novas fontes de energia ou a tecnologias mais sustentáveis. Isso é corroborado pela estagnação das chamadas “patentes verdes”. Já o uso de inteligência artificial tem crescido de forma sustentada nos últimos anos, especialmente na área sísmica.
A análise das redes de pesquisadores fomentados pelas maiores petroleiras do mundo sugerem artigos com mais novidades científicas tendem a ser mais citados independentes da idade de publicação. Há liderança dos pesquisadores de origem chinesa. O perfil da produção científica brasileira é ainda muito heterogêneo. O crescimento em quantidade de artigos científicos publicados não foi acompanhado pela qualidade das publicações.
Os resultados mostram um impacto positivo relevante da Petrobras sobre a produção científica no Brasil. O estudo dos fornecedores mostra que as empresas brasileiras do setor de petróleo e gás tem capacitação tecnológica a nível internacional em tecnologias de exploração. Entretanto, pesquisa de campo nossa com pesquisadores vinculados aos projetos da Petrobras, mostrou crescente obsolescência dos equipamentos nos últimos 5 anos,
A análise DEA (Data Envelopment Analysis) da gestão projetos de pesquisa e desenvolvimento da Petrobras revelam características únicas que os diferenciam de outros tipos de investimentos. A relevância das empresas spin-offs é buscada através de empresas startups pela Petrobras mas se revela ainda limitada assim como os chamados parques tecnológicos.

O e-book do livro pode ser lido no link.